10 de abril de 2023 11:36 por Da Redação
A professora Isabel Oliveira, de 43 anos, tirou a roupa dentro de um supermercado da rede Atacadão, em Curitiba, nesta sexta-feira (7), para denunciar um caso de racismo cometido contra ela no estabelecimento. Em um vídeo, viralizado neste domingo (9), ela explica, chorando e bastante entristecida, que foi seguida por pelo menos 30 minutos por um segurança do supermercado enquanto fazia compras para a Páscoa programada por sua família.
Ao notar que o segurança a seguia por todos os lugares que ia, a professora o aguardou e questionou se ela “oferecia algum risco para a loja, porque eu tinha notado que desde a hora que entrei, ele estava andando atrás de mim no mercado. E aí ele (segurança) virou às costas e disse que não, que estava cuidando do setor, que era função dele”, descreveu Isabel. Ela chegou a deixar o estabelecimento sem fazer as compras, mas decidiu retornar com o marido e tirar as roupas, ficando apenas de calcinha e sutiã, como forma de protesto e para mostrar que não oferecia perigo. Em seu corpo, ela escreveu “sou uma ameaça?”.
“Eu tive que fazer um escândalo, pedindo para ser tratada com dignidade. E eu preciso fazer essa denúncia aqui porque a gente não pode continuar sendo tratado como marginal. Eu só entrei para fazer minhas compras, não estava oferecendo risco nenhum para ninguém”, desabafou Isabel aos prantos.
Seguida por segurança, professora tira a roupa para denunciar racismo em mercado
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— Revista Fórum (@revistaforum) April 9, 2023
O protesto
Ainda no feriado, Isabel afirmou na gravação que tentou ligar em uma delegacia para registrar a ocorrência, mas foi questionada pelo agente, que teria questionado a denúncia. De acordo com ela, no atendimento a polícia informou que a situação na caracterizava racismo e que o segurança do Atacadão estava “cumprindo o papel dele”.
“O papel dele deve ser perseguir uma pessoa preta dentro do mercado? E hoje fui eu a bola da vez. Não dá para admitir ser tratada assim, gente. Não dá para ser tratado como se sempre fosse uma ameaça”, contestou a professora.
RACISMO NO MERCADO ATACADÃO Após ser perseguida pelo segurança enquanto tentava comprar o leite de sua filha, a professora Isabel Oliveira retornou ao mercado seminua em ato de repúdio. Mercados que veem nossos corpos negros como ameaças não merecem nosso dinheiro! pic.twitter.com/HflJuw0C7H
— Wagner Souza (@WagnerS43637829) April 9, 2023
“Isso não pode ficar assim. Eu tenho dois filhos e não quero que eles passem por isso”, acrescentou. Isabel também justificou o protesto ao pagar sua compra, para a atendente do caixa do supermercado. “Quando eu vim vestida, havia um segurança atrás de mim. Eu voltei, agora nua, para levar a latinha de leite para a minha bebê e mostrar que não estou roubando nada”.
O que diz o Atacadão sobre novo episódio de racismo
Em nota à imprensa, o Atacadão negou “indícios de abordagem indevida”. Segundo a empresa, foram ouvidos os funcionários e as imagens das câmeras de segurança também foram analisadas. “Lamentamos que a cliente tenha se sentido da maneira relatada, o que, evidentemente, vai totalmente contra nossos objetivos. A empresa possui uma política de tolerância zero contra qualquer tipo de comportamento discriminatório ou abordagem inadequada”, alegou.
O Atacadão argumentou ainda que realiza treinamento rotineiro com funcionários para que essas ações não aconteçam. “Ressaltamos, ainda, que nosso modelo de prevenção tem como foco o acolhimento aos clientes, com diretrizes de inclusão e respeito que também são repassadas aos nossos colaboradores por meio de treinamentos intensos e frequentes”, conclui a nota.
A professora afirma, porém, que a empresa não a procurou. Isabel também confirmou que registrará um boletim de ocorrência nesta segunda (10) para denunciar o caso.