23 de abril de 2023 10:04 por Geraldo de Majella
Parece que o presidente Lula não vem tendo chance de governar sem turbulências. E aqui, não se fala da relação com o Congresso Nacional, natural para quem, após o processo eleitoral, não obteve maioria parlamentar nas duas casas legislativas. As negociações mediante concessões estão em curso.
As turbulências, que aparecem como um fantasma em noite escura, vêm sendo semeadas pela mídia corporativa, que não resiste à tentação golpista, como no caso do vídeo editado, veiculado pela CNN na quarta-feira (19), que provocou o pedido de demissão do general Gonçalves Dias.
Isso ocorreu no exato momento em que o Supremo Tribunal Federal (STF), cem dias após iniciar a análise das peças oferecidas pela Procuradoria Geral da República (PGR), decidiu processar 1.390 executores e acusados de incitar os atos terroristas de 8 de janeiro.
A prioridade do STF é analisar o caso com celeridade. Desse total, 294 pessoas continuam presas, sendo 86 mulheres e 208 homens que estão encarcerados no Distrito Federal.
O ministro Alexandre Moraes, relator do processo, classificou como “gravíssima” a ação dos denunciados, uma vez que tinham como objetivo abolir os Poderes da República.
Moraes definiu como “inconstitucionais as condutas e manifestações que tenham a nítida finalidade de controlar ou mesmo aniquilar a força do pensamento crítico, indispensável ao regime democrático”.
A extrema-direita permanece organizada e agindo nos bastidores como no episódio que culminou com a demissão do general Gonçalves Dias, com o objetivo de desestabilizar o governo. As redes sociais são o principal veículo de desinformação da oposição extremista.
Há pontos de estrangulamento político que merecem ser avaliados com cuidado pelos partidos de esquerda, pelos democratas e pelos movimentos sociais, sempre levando em consideração que o governo Lula-3 é totalmente diferente dos anteriores.
A realidade política impõe cautela e unidade, o Partido dos Trabalhadores é o principal alvo, mas, pode e deve ser o principal articulador visando à consolidação da Frente Democrática que terá de seguir para além do governo Lula/Alckmin.
Nunca é demais pensar em questões como:
- Consolidar uma base de apoio no Congresso Nacional.
- Mobilizar os movimentos sociais na defesa de causas sociais que possa estruturar políticas públicas.
- Retomada do desenvolvimento econômico para estabilizar o país.
- Disputar as eleições com a perspectiva de unir o que for possível do campo democrático.
- Combate à extrema-direita nas frentes de lutas sejam nas manifestações de ruas, nas mídias e nas redes sociais.
- Criar condições na sociedade para ampliar a aprovação do governo e do presidente Lula.
O programa de governo defendido por Lula e vitorioso nas urnas não será executado no que há de mais significativo se não houver estabilização da economia. As tentativas de paralisar o governo Lula estão em curso por diversos caminhos: o da extrema-direita, com arreganhos golpistas e o do mercado financeiro, que se apoia nas empresas de mídias para impor a sua agenda.
O mar que Lula está navegando não é, e não será de calmaria, é revolto. Lula já demonstrou ser bom timoneiro, contudo, é imprescindível contar com boa tripulação.