Dois dos representantes da extrema-direita em Alagoas, os deputados federais Alfredo Gaspar de Mendonça (União Brasil) e Delegado Fábio Costa (PP) tiveram posturas diferentes em relação ao pedido de urgência na votação do arcabouço fiscal. Alfredo Gaspar votou contra e o Delegado Fábio Costa votou com a maioria, a favor.
Mas as divergências param por aí. Os dois deputados, que iniciaram a vida política recentemente, têm pontos em comum em suas trajetórias. A defesa do uso de armas por qualquer pessoa, a execução de infratores como mecanismo de limpeza social, o ódio aos movimentos sociais e a vassalagem aos poderosos.
A síntese do que pensam pode ser traduzida nesta frase, que não é original, mas continua rendendo dividendos eleitorais: “Entre um milhão de bandidos e um policial quero que morra um milhão de bandidos”. E mais essa entre tantas barbaridades ditas: “bandido em Alagoas na minha gestão só tem dois caminhos a seguir: ou se entrega indo para cadeia ou morre”.
Diferentes origens
A origem social os diferencia brutalmente. O ex-procurador geral de Justiça descende de uma família da elite jurídica alagoana e da alta burocracia estatal, tendo estudado nas melhores escolas, o que é natural para os que têm origem na elite. O emprego público nas melhores posições foi o ideal oferecido e, através de concurso público, fez carreira no Ministério Público Estadual (MPE), que lhe serviu como plataforma para ascender na carreira política.
A defesa da ordem constitucional não fez parte do seu horizonte, o que lhe moveu foi a exposição midiática associada ao discurso truculento que aflorou ainda mais com o surgimento da monstruosa Operação Lava Jato, composta de bandoleiros travestidos, a exemplo de Deltan Dallangnol e Sérgio Moro, ex-membros do sistema de Justiça.
Da periferia de Recife para o Congresso
O Delegado Fábio Costa tem origem social na periferia do Recife, sobreviveu como tantos que nascem e vivem a vida apartada do mundo do consumo e das oportunidades que a classe média e a elite têm como um destino natural ou como quase um desígnio de Deus.
Essa trajetória é explorada nas mídias sociais do deputado pernambucano como um ponto para sensibilização do eleitorado. O pensamento extremista e a prática profissional de ambos têm o mesmo objetivo: a defesa de um governo autoritário e a supressão das liberdades democráticas consignadas na Constituição brasileira.
O que os diferenciou na votação do arcabouço fiscal foi apenas o sentido de obediência do delegado ao deputado Arthur Lira (PP-AL). O voto de Alfredo Gaspar – único voto contra o arcabouço fiscal da bancada de Alagoas – ocorreu pela certeza da aprovação da matéria e para se diferenciar entre os extremistas como mais “radical” e “independente”.
Alfredo Gaspar quer demarcar posição frente a Fábio Costa junto ao eleitorado e entre os formadores de opinião no campo da extrema-direita alagoana e nacional.