22 de maio de 2023 2:05 por Da Redação
Por Claudevan Melo*
O cantor e compositor Jorge Costa (Jorge Costa Araújo) nasceu em Maceió, no dia 9 de setembro de 1922, no bairro da Cambona, filho de trabalhadores. A mãe, Anísia Isabel Costa, trabalhava como lavadeira e o pai, João Cassiano Araújo, era mecânico e boêmio.
A curiosidade desenvolvida desde criança pelas festividades folclóricas de sua cidade o acompanhou por toda a vida, principalmente, as rodas de coco, gênero musical e dança típicas de Alagoas.
Ingressou no Liceu de Artes e Ofícios, levado por sua mãe, para aprender a ser alfaiate. Em 1940, vai para o Recife, à época, com idade para servir ao Exército.
Alista-se no 14º Regimento de Infantaria, no momento em que eclode a Segunda Grande Guerra Mundial. É transferido para o Rio de Janeiro, então Distrito Federal, e se apresenta no Forte Copacabana para ingressar na Força Expedicionária Brasileira (FEB), depois de participar da seleção para o 5º escalão, acabou por ser dispensado.
Como não embarcou com os demais expedicionários, o Brasil perdeu um soldado nos campos de batalha na Itália, mas, acabou ganhando um cantor e compositor autor de 315 composições editadas durante sua vida.
No período em que esteve servindo no Forte Copacabana, conheceu os cariocas Monsueto Meneses e Manaceia, destacados sambistas do Morro da Mangueira, onde passou a residir, um dos redutos do samba carioca onde fez amizades com bambas como Xangô da Mangueira, Cartola, Padeirinho, Nelson Cavaquinho.
Dispondo de composições e sem ter chance de gravar no Rio de Janeiro, Jorge Costa resolve ir trabalhar na fábrica da Brahma em São Paulo, cidade onde veio fixar residência e se estabelece por toda a vida.
Sem endereço fixo, encontra-se com Juca, um alagoano, que lhe acolhe levando-o para morar em sua residência enquanto se estabelece na cidade. Passa a frequentar os redutos de sambistas e torna-se amigo de Venâncio, da dupla (Venâncio e Corumba) que o encaminha para tentar a sorte num programa de calouros “A Galera do Nelson” na Rádio Nacional.
Em 1955, tem a sua primeira composição gravada, “O Pior dos Homens”, em parceria com Venâncio, que já era um grande nome nacional. A música foi gravada por Roberto Luna, cantor paraibano radicado em São Paulo e já um conhecido artista.
A sua carreira como compositor deslancha e suas composições foram sendo gravadas por dezenas de nomes já consagrados como Leo Romano, Zito Borborema, Alda Perdigão, Nelson Gonçalves e Ângela Maria, com “Moça Branca da Favela”; Jair Rodrigues, com a conhecidíssima “Triste Madrugada”; Bezerra da Silva, com “Ladrão que Entra na Casa de Pobre”; Benito de Paula, com “Abri a Porta”.
Noite Ilustrada (Mário de Souza Marques Filho), mineiro de Pirapetinga, foi o intérprete de Jorge Costa por excelência. As músicas mais cantadas na voz de Noite Ilustrada foram: “Triste Madrugada”, “Castiguei”, “Samba da Rosa”, “Veneza Brasileira”, “Eu, Você e a Mangueira”, Zombou de Mim”, “Depois do Carnaval”, “Castiguei” e “Bandeira da Paz”.
O estilo de Samba Sincopado de Jorge Costa alinhou-se à formação do samba paulista que Vinicius de Morais havia condenado à sepultura, ressuscita na voz e composição do sambista alagoano com esses versos:
“Fiz uma prece, rezei uma oração para não ter medo de assombração”, “Apaga a tua vela eu já estou com Deus”.
A luz criativa do sambista alagoano se apagou no dia 19 de maio de 1995, ao falecer no Hospital das Clínicas de Suzano (SP), aos 72 anos de idade, deixando um legado para a cultura nacional de 315 composições gravadas desde a sua primeira composição nas principais vozes do Brasil.
Entre as décadas de 1960 a 1970, cantou o seu repertório em diversas casas noturnas como o Sambalanço, Exotic, Jogral, Balacobaco, Telecoteco e Catedral do Samba.
-Em 1968, grava seu 1º LP “Jorge Costa – Samba sem Mentira”, pela Copacabana
-1973, sai seu 2º LP “Jorge Costa e seus Sambas”, pelo selo Continental e alguns compactos simples.
-1992, grava na TV Cultura o programa Ensaio, dirigido por Fernando Faro.
*É metalúrgico aposentado e pesquisador da cultura alagoana
1 Comentário
Alagoas precisa conhecer os seus, pois os dos outros vive aqui na boca das pastas oficiais e do povão