5 de junho de 2023 1:25 por Da Redação
Com o apoio da Controladoria Regional da União em Alagoas (CGU/AL), a Polícia Federal deflagrou na última quinta-feira, 1º, a Operação Hefesto, para desarticular uma organização criminosa suspeita de praticar crimes de fraude em licitação e lavagem de dinheiro em três estados, e no Distrito Federal.
Em Alagoas, um dos alvos é Luciano Ferreira Cavalcante, funcionário da Câmara dos Deputados e que foi nomeado para a liderança do Partido Popular (PP) na Casa, na época em que o cargo era exercido por Arthur Lira (PP-AL), hoje presidente.
Ele é acusado de fazer parte de um grupo suspeito de fraude em licitação e lavagem de dinheiro em Alagoas por meio da compra de equipamentos de robótica. Segundo a polícia, o grupo é suspeito de desviar R$ 21 milhões na fraude. A licitação se destinava à compra de kits de robótica para 46 municípios alagoanos, verba do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
A família de Luciano Ferreira Cavalcante é aliada de Arthur Lira de longa data. A mãe, ex-vereadora Maria Ferreira Cavalcante, conhecida como Maria da Comesa, faz parte do grupo político, enquanto seu irmão, Carlos Jorge Ferreira, foi indicado por Lira para a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), em Alagoas.
O acusado foi servidor comissionado do escritório de apoio do então senador Benedito de Lira (PP/AL), pai de Arthur Lira.
Os fatos, divulgados nacionalmente, ainda não mereceram a atenção da bancada alagoana federal e estadual de extrema-direita. Nenhum dos parlamentares, que antes da operação criticavam a corrupção, se pronunciou sobre a ação da PF.
Enquanto a investigação segue, os deputados federais Alfredo Gaspar de Mendonça (União Brasil) e Delegado Fábio Costa (PP), os deputados estaduais Cabo Bebeto (PL) e Delegado Leonam (União Brasil), e o vereador Leonardo Dias (PL), a voz histriônica dos extremistas na Câmara Municipal de Maceió, silenciam.
Aliados e apoiadores do deputado Arthur Lira, parlamentares de extrema-direita são seletivos quanto à corrupção. Vale salientar que dois dos citados receberam milhões de Reais do Fundo Partidário, em 2022.
Em sua prestação de contas à Justiça Eleitoral, Alfredo Gaspar de Mendonça declarou que recebeu R$ 2 milhões do União Brasil, sigla controlada politicamente por Arthur Lira. O Delegado Fábio Costa declarou ter recebido R$ 1.6 milhões do Partido Progressista (PP), partido sabidamente liderado por Lira.
Histórico
Os ilícitos que levaram a PF a desencadear a Operação Hefasto teriam ocorrido entre 2019 e 2022, durante a realização de processos licitatórios, adesões a Atas de Registro de Preços e celebrações contratuais relacionadas ao fornecimento de equipamentos de robótica para 43 municípios alagoanos, cujos recursos aplicados ou previstos seriam de natureza federal, oriundos do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação – FNDE.