9 de junho de 2023 3:18 por Da Redação
O núcleo duro da operação Lava Jato, constituído pelo então juiz Sérgio Moro, os ex-procuradores do Ministério Público Federal (MPF) Daltan Dallangnol, Carlos Fernando e Januário Paludo, tem em sua origem os métodos adotados pelos órgãos de repressão das Forças Armadas brasileiras, durante a ditadura militar (1964-1985).
As revelações feitas à TV 247 e à TV GGN pelo ex-deputado Antônio Celso Garcia, o Tony Garcia, dão indicações claras de que os métodos utilizados pela operação Lava Jato são semelhantes à utilizadas pelos Destacamentos de Operação Interna (DOI) e os Centros de Operação e Defesa Interna (CODI), conhecidos como DOI-CODI, comandados pelo Exército, o Centro de Informações da Marinha (Cenimar), e o Centro de Informações de Segurança da Aeronáutica (CISA).
A exemplo das operações em outros países do Cone Sul, a Lava Jato contou com apoio dos norte-americanos, através de agências de inteligências e do Departamento de Justiça.
Os crimes praticados por seus integrantes começam a aparecer em tamanha quantidade, que não será mais possível esconder do grande público. A grande mídia, que foi entusiasta da operação, mantém-se silenciosa, mas não ficará por muito tempo, pois as denúncias são contundentes.
Durante a ditadura militar, depois de submetido à tortura física e psicológica, o prisioneiro que aceitava delatar era solto e mantido sob controle. Era o “cachorro”, como era denominado pelos órgãos de repressão.
O ex-juiz Sérgio Moro se utilizou desse método criminoso para obter informações, e as utilizava para pressionar advogados, magistrados e empresários em beneficio próprio. Segundo Tony Garcia, a prática foi a infiltração de acusados entre os presos na carceragem da Polícia Federal e nos presídios do Paraná. Ele próprio um dos infiltrados, Tony Garcia passou a ser controlado pelo esquema para-judicial da Lava Jato.
“Eles me jogaram no porão da Polícia Federal. Ele fazia de Curitiba a Guantánamo brasileira. Ele usava os mesmos métodos de tortura psicológica para tirar de você, preso, o que ele queria”, revelou Garcia, que deverá prestar novo depoimento nos próximos dias.
Um dos alvos da perseguição incontrolável de Sérgio Moro e dos procuradores que são seus cúmplices, denunciados por Tony, foi o advogado Roberto Bertholdo. Este vinha conseguindo a anulação de sentenças de Moro, e por isso foi preso com base em um falso testemunho prestado por Tony Garcia.
Outra vítima foi o advogado Cristiano Zanin, que a época defendia o então ex-presidente Lula. Ele teve os telefones de seu escritório grampeados.
Apoio dos EUA
O site Conjur em 10 de abril de 2021 denunciava:
A história foi resgatada em uma reportagem do jornal francês Le Monde deste sábado (10/4), assinada por Nicolas Bourcier e Gaspard Estrada, diretor-executivo do Observatório Político da América Latina e do Caribe (Opalc) da universidade Sciences Po de Paris.
Tudo começou em 2007, durante o governo de George W. Bush. As autoridades norte-americanas estavam incomodadas pela falta de cooperação dos diplomatas brasileiros com seu programa de combate ao terrorismo. O Itamaraty, na época, não estava disposto a embarcar na histeria dos EUA com o assunto.
Para contornar o desinteresse oficial, a embaixada dos EUA no Brasil passou a investir na tentativa de criar um grupo de experts locais, simpáticos aos seus interesses e dispostos a aprender seus métodos, “sem parecer peões” num jogo, segundo constava em um telegrama do embaixador Clifford Sobel a que o Le Monde teve acesso.