sábado 26 de outubro de 2024

Arquiteto defende política habitacional para devolver ‘vida’ ao Centro de Maceió

Em todo o pais, mercado econômico direciona expansão imobiliária para áreas distantes e com menos infraestrutura
Edifício Palmares reflete abandono do Centro de Maceió | Reprodução/TV Gazeta

O arquiteto e urbanista Sandro Gama, conselheiro superior do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), pela secção Alagoas, afirma que, no campo do urbanismo brasileiro, geralmente, as áreas centrais das cidades são as melhores preparadas e com melhor infraestrutura pública. No entanto, possuem problema de esvaziamento, assim como ocorre em Maceió.

Essas áreas também são as que concentram mais bens públicos no campo da preservação do Patrimônio Cultural. A tendência de esvaziamento, explica o arquiteto, é consequência da política urbana brasileira, “que adotou modelo de gentrificação populacional em direção às periferias, exatamente onde inexistem infraestruturas de serviços públicos, obrigando o Estado a altos investimentos em, por exemplo, mobilidade urbana, saneamento ambiental, etc…”.

O arquiteto Sandro Gama | Divulgação

Sandro Gama conta que, desde os anos 1980, os urbanistas vêm defendendo a alteração nesta política, de forma a trazer as habitações de volta para as áreas mais preparadas das cidades. “O que era o Centro de Maceió há quatro décadas? Alguns moradores ainda existiam. Atrelados a esta existência, supermercados, padarias, mercadinhos ainda se mantinham. Com o esvaziamento, uma espécie de gentrificação motivada pelo próprio mercado econômico, o bairro do Centro de Maceió limitou-se ao uso comercial e institucional, esse modelo comum a todo o país”, enfatiza o arquiteto.

De acordo com ele, a proposta que deve vir com o novo Minha Casa Minha Vida seria o de também incentivar moradia em áreas centrais, trazendo vida para bairros já preparados, que deverá ser seguido aos diversos setores econômicos que serviriam a estes moradores.

No Centro de Maceió, ele acredita em alguns potenciais do programa:

  1. Existem edifícios da União, desocupados, ou invadidos e que poderiam ser destinados à moradia, voltada à baixa renda, ou mesmo aos movimentos sociais que os ocupam; cito aqui os antigos prédios dos antigos Iapetec, Inamps;
  2. A prefeitura, inclusive, poderia aproveitar o momento político favorável e estabelecer programa de incentivo a que proprietários investissem em habitações nos pisos superiores daqueles casarões para classe média em troca de potenciais construtivos ou outorgas onerosas em outros bairros da cidade. Poderia se realizado um programa piloto que de certo contaria com apoio do Ministério das Cidades, e de instituições como o Sinduscon, o IAB, CAU, Crea.

O arquiteto Sandro Gama lamenta o fato de faltar quem queira largar na frente e ser exemplo de um novo modelo urbano para habitação no país.

Retrofit

Porém, constatou, recentemente, no Rio de Janeiro, que o mercado imobiliário de lá está investindo exatamente neste segmento, unidades habitacionais para classe média baixa.

Edifício Residencial “retrofitado” no Rio de Janeiro | Divulgação

“Eles estão promovendo retrofit em edificações comerciais quase abandonadas, transformando-os em unidades multirresidenciais, com piscinas, espaço gourmet e cinema, academia, lavanderia coletiva, aquecedor de água coletivo, designer de comunicação visual e caixilhos decorativos para esconder espaços mecânicos”, diz.

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