Violência e corrupção são uma marca nefasta da História de Alagoas, registrada em qualquer período da República, proclamada em 1889. Lá se vão quase 134 anos.
Houve um tempo em que grupos oligárquicos – do Litoral ao Sertão – disputavam espaços de poder através das armas. Quem dispusesse de aparato bélico e exército de jagunços mais eficiente ganhava a disputa. Famílias dilaceradas pela guerra era uma realidade que atravessou séculos.
O grupo vencedor conquistava o direito de dilapidar o cofre público, fosse em âmbito municipal ou estadual. Era assim o jogo político. Estabelecer o domínio sobre a força policial que servia de instrumento de coação da parte vencedora da guerra oligárquica, também fazia parte da estratégia de poder.
As mudanças ocorridas são muitas em relação ao passado mais longínquo, mas, quando se fala em disputa política, mesmo que não tenha as características oligárquicas do século XX, alguns métodos foram mantidos e, em certa medida, foram modernizados.
Organizações criminosas formadas por militares da ativa e da reserva foram desarticuladas, seus membros foram presos, os políticos que chefiavam foram presos, mas não sofreram as merecidas condenações. Tiveram sobrevida como políticos.
A atividade política é, inegavelmente, a mais promissora e a única em que políticos que se aperfeiçoaram em cometer crimes contra o erário se tornaram os novos milionários, constituindo uma nova classe social.
Tomando como exemplo de “case de sucesso”, para usar uma expressão que destaca o indivíduo como “’vitrine” numa determinada atividade profissional, acadêmica etc., o mais recente escândalo de corrupção investigado pela Polícia Federal envolve ex-assessores do deputado Arthur Lira (PP/AL), presidente da Câmara Federal (PF). Um deles é Luciano Cavalcante (União Brasil).
As investigações estão demonstrando que nenhum dos acusados ganhou a Mega-Sena, heranças milionárias, nem os empresários envolvidos têm histórico de atividades lícitas no mercado que comprovem enriquecimento sem transacionar com a administração pública.
O que se tem comprovado é a participação em esquemas fraudulentos, segundo a Polícia Federal. Empresas e assessores são investigados depois de terem sido encontrados milhões de reais em cofre particular e em contas de empresas abertas para esse objetivo.
Os órgãos de controle da administração federal, os Ministérios Públicos, Receita Federal e Controladoria da União têm sido eficientes nas investigações. A deficiência de pessoal é uma realidade, mas, tem sido superada com o uso de tecnologias e do trabalho competente do jornalismo investigativo.
A luta para estancar a sangria da corrupção na administração pública não é para ter trégua e, muito menos, tempo determinado, é uma luta permanente. Os novos milionários que estão ascendendo socialmente como membros ou chefiando grupos criminosos não podem ter seus nomes no panteão dos beneméritos, mas, na relação dos assaltantes de alta periculosidade.
Os pobres, pretos e moradores da periferia condenados por delitos de pouca monta, são menos danosos à sociedade quando comparados aos novos milionários que frequentam palácios, ministérios e associações de classes recebidos como autoridades.