6 de julho de 2023 11:22 por Geraldo de Majella
Os partidos políticos representam interesses de classes e ideologias como instrumentos para alcançar o poder. A conquista do poder político como objetivo principal e motivo da existência dos partidos nas democracias se dá por meio das eleições.
Os partidos políticos de esquerda se formam e disputam a hegemonia na sociedade ao se inserirem nos movimentos sociais, no movimento sindical urbano e rural, no movimento estudantil, de mulheres, LGBTQIA+, junto à intelectualidade. Esses são os primeiros passos das organizações política de esquerda.
O Partido dos Trabalhadores (PT) é o principal protagonista na esquerda brasileira e sul-americana. Em Alagoas, ainda, é, um partido urbano e Maceió é onde está a maioria dos militantes.
O PT é o partido que exerce maior influência junto aos movimentos sociais da capital. Esse dado serve como base para se fazer uma reflexão ou mesmo procurar entender os motivos pelos quais o PT não consegue formar lideranças políticas que ascendam das lutas corporativas e sociais para disputar espaços no campo eleitoral.
A política de alianças nacional, quando aplicada em Alagoas, tem contribuído e dado às condições concretas para o PT eleger parlamentares. Principalmente, tendo conhecimento de como são realizadas as eleições estaduais e municipais. O pragmatismo petista tem dado resultado objetivo: dois deputados – um federal, Paulão e um estadual, Ronaldo Medeiros – foram eleitos em aliança com o MDB.
A contrapartida não é para ser relativizada: a dedicação e defesa da aliança feita pelos petistas foi e tem sido efetiva.
Os preparativos para as eleições de 2024 estão em curso. O PT, em Maceió, não tem demonstrado, pelo menos publicamente, que está pensando em abrir a discussão dos principais problemas da capital, que não são poucos.
A Federação constituída por PT, PV e PCdoB é uma âncora que tem impedido o partido de iniciar o trabalho pré-eleitoral. Nesse ninho estão abrigados vários bolsonaristas que compõem a base do prefeito JHC na Câmara Municipal. Essa é uma questão a ser resolvida, mas, não pode imobilizar o PT por tanto tempo. A outra questão é a dependência política em relação aos aliados emedebistas.
A saída deve ser abrir a discussão com a militância e com os setores da sociedade que votam no PT, que apoiam o governo Lula e querem fortalecer a esquerda em Maceió. Esse universo é bem mais amplo do que a área de influência, os setores mais próximos ao Partido dos Trabalhadores.
O que o PT pensa sobre Maceió? Quais são as suas propostas para a cidade que tem indicadores horrorosos de exclusão social, cidade onde a educação pública é uma vergonha nacional, altas taxas de desemprego, juventude abandonada e sem perspectiva de futuro.
A esquerda orgânica e a esquerda que não gravita em torno dos partidos políticos está órfã. Maceió não pode ser dada como um território onde a extrema-direita reina absoluta. É necessário sair da zona de conforto e, rápido, convocar a militância política, social, acadêmica para discutir política que ultrapasse os limites do pragmatismo eleitoral.
A agenda em defesa das políticas públicas, tradicionalmente, é da esquerda. Esse capital não pode ser desperdiçado e ou negligenciado. “Ao trabalho” é a palavra de ordem.
Quem sabe faz a hora.