Por Luis Nassif, do Jornal GGN
Na fase mais pesada do macarthismo tupiniquim, Miriam Leitão não vacilou em liquidar com um jovem funcionário do governo, que, usando um computador da rede do Palácio, ousou conspurcar sua biografia na Wikipedia com um link apontando erros de análise. Fez um escarcéu, dizendo-se vítima de uma organização petista que atuava diretamente do Palácio. Dilma foi na conversa e o jovem teve a carreira comprometida.
Depois, criou uma fakenews, dizendo-se agredida por um grupo de sindicalistas que, em um vôo, fazia um coro contra a Globo – mas sem sequer mencionar seu nome. Chegou a afirmar que eles passavam por sua poltrona e davam safanões. Tudo isso sem despertar uma reação sequer dos demais passageiros, algo impensável, ainda mais em se tratando de uma figura pública e do fato de que sua reação indignada ocorreu uma semana depois da suposta agressão. E não veio amparada em nenhum vídeo que comprovasse as agressões.
Agora, repete a estratégia ad terrorem para reforçar as críticas de Malu Gaspar a Márcio Pochmann.
Márcio foi alvo de críticas quando dirigiu o IPEA (Instituto de Pesquisas Econômico Aplicadas) ao pretender que opiniões, estudos e declarações passassem pelo crivo da presidência. Uma atitude criticável, sim, ainda mais em um think tank da importância do IPEA.
Mas Miriam não se conformou em fazer a crítica correta, talvez julgando que não teria muito impacto. E retornou ao estilo lavajatista de desumanizar os adversários, transformá-los em grandes vilões, assassinar suas reputações, como nos tempos dos embates de ódio que resultaram na Lava Jato e no Bolsonarismo.
Então voltou a ser a Miriam macarthista, usando o seu jornal para acusar Pochmann do pior crime que um pesquisador poderia cometer: a manipulação das estatísticas, se vier a assumir a presidência do IBGE.
É uma crítica covarde – porque valendo-se do poder de divulgação do maior jornal brasileiro – para tentar exterminar um adversário de ideias. E comprova que o lavajatismo é parte irreversível da alma de certo jornalismo tupiniquim. O bolsonarismo se transformou no maior limpador de biografias do jornalismo. Passada a fase do silêncio obsequioso, volta-se ao velho padrão de exterminar inimigos.