O 17 de agosto de 2023 foi um dia triste para os Bolsonaro e os militares que estiveram envolvidos com a tentativa de golpe de Estado no dia 8 de janeiro. A bancada da extrema-direita também perdeu a “voz” diante das denúncias do hacker Walter Delgatti, que serão apuradas pela Polícia Federal (PF).
E o melhor: a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura os atos golpistas de 8 de janeiro foi proposta pela própria bancada da extrema-direita. Com o avanço dos trabalhos vem sendo revelados fatos estarrecedores contra o ex-presidente Bolsonaro.
Os extremistas ouviram Delgatti afirmar que esteve no Ministério da Defesa cinco vezes para tratar, a pedido do então presidente da República, sobre uma forma de atacar as urnas eletrônicas e tirar a credibilidade do sistema de votação.
O depoimento do hacker incrimina o ex-presidente Bolsonaro e o general Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa. Ele também citou, em seu depoimento, que havia mantido contato com o general Freire Gomes, ex-comandante do Exército, através do coronel Marcelo Gonçalves de Jesus, que seria o intermediário de seus contatos com o general Marco Antônio Freire Gomes, então comandante do Exército.
Sérgio Moro “sentiu”
O hacker Walter Delgatti Neto protagonizou ainda um diálogo áspero com o senador Sérgio Moro (União Brasil-PR) na sala da CPI do 8 de janeiro. O hacker o chamou de “criminoso contumaz”, após o senador e ex-juiz de Curitiba apontar para processos que Delgatti responde na Justiça.
O senador ficou sem conseguir responder ou contradizer o hacker que revelou os crimes praticados pela Operação Lava Jato. O Brasil assistiu à cena entre dois criminosos, o hacker e o ex-juiz.
“Li a parte privada e posso dizer que o senhor é um criminoso contumaz, cometeu diversas irregularidades e crimes”, disse Delgatti. Ao ser advertido pelo presidente da CPMI, o deputado Arthur Maia (União Brasil-BA), pelos termos utilizados, Delgatti pediu “escusas”, expressão frequentemente utilizada por Moro.
Dois dos principais protagonistas da Operação Lava Jato foram atingidos pelas denuncias de crimes no exercício das suas funções públicas, o ex-deputado cassado Deltan Dallangnol e o senador Sérgio Moro que está sendo processado e poderá perder o mandato.