domingo 24 de novembro de 2024

Obra de contenção marítima em Maceió peca por falta de transparência

Ao longo do termo de referência do projeto não há menções de estudos ambientais, audiências públicas exigidas para este tipo de obras públicas

29 de agosto de 2023 12:47 por Da Redação

Foto: Secom Maceió

Recentemente, foi noticiado em jornais de Alagoas que a solução de engenharia adotada pela Prefeitura de Maceió para conter a erosão marítima é um verdadeiro “case de sucesso para o Brasil” e para administradores de outros municípios e estados brasileiros.

Geralmente, cases de sucesso são soluções bem conhecidas, transparentes, tecnicamente eficientes, testadas e validades ambientalmente, certo? São os chamados casos de “Benchmarking”, que têm por base as melhores práticas do mercado e da sustentabilidade. Isso encurta processos e dá eficiência econômica, social e ambiental aos setores públicos e privados.

Neste sentido, será que as contenções de engenharia adotado por Maceió para conter o avanço do mar é um verdadeiro “case” digno de “Benchmarking” a ser replicado pelo país?

Analisando a concorrência pública nº 005/2023 da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminfra), referente à execução de obras de contenção marítima para combate à erosão costeira na orla de Maceió, orçado em R$ 33 milhões, observa-se muito poucos elementos no portal de transparência da prefeitura, para ser um verdadeiro case de sucesso.

Observa-se, no portal da PMM, alguns desenhos básicos do projeto, planilha de preços e um termo de referência (processo administrativo nº 3200.3819/2023), que justifica em somente um parágrafo a proposta de contenção marítima de tão importante, sensível e custosa obra aos cofres públicos. Ao longo do termo de referência do projeto não há menções de estudos ambientais, audiências públicas exigidas para este tipo de obras públicas.

Foto: Secom Maceió

Como é sabido dentro da legislação ambiental brasileira, obras costeiras e que possuam impacto no meio marinho necessitam de estudos ambientais detalhados. Neste sentido, não seria diferente para as obras de instalação de uma contenção contra a erosão marítima em Maceió, pois zonas costeiras, segundo à Constituição Federal de 1998, são biomas considerados como patrimônios nacionais – art. 225, § 4º.

O que se observa nos autos da licitação, editais e termo de referência são evidências claras de que não foram solicitados o que prevê as Resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente – Conama de nº 01/1986, 09/1987,  261/1999, 494/2020 e 341/2003 no seu Artigo 4º, que exige do órgão ambiental local o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e seu Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), a ser apresentado em audiência pública com a presença da população.

Uma obra de contenção marítima não é apenas uma obra de engenharia, ela depende das características específicas de cada área costeira. Portanto, esses estudos deveriam terem sido realizados de forma técnica e específica para os locais que foram instalados e o edital e termo de referência deveria prever estes estudos. Não se sabe se o Instituto do Meio Ambiente do Estado de Alagoas (IMA) solicitou tais estudos, exigidos por leis federais brasileiras e as próprias Resoluções do Conselho Estadual de Proteção Ambiental – CEPRAM.

Fica a dúvida: onde estão os estudos ambientais exigidos por lei? Nem o edital e nem o termo de referência da licitação faz menção a legislações e estudos ambientais de licenciamentos obrigatórios por lei, portanto como o Instituto do Meio Ambiente do estado de Alagoas e a Prefeitura de Maceió liberaram essas licenças de instalação da obra? Será que uma licitação de tamanha sensibilidade ambiental, ao custo de R$ 33 milhões foi feita sem EIA/RIMA e descumprindo leis federais?

Em referência à licitação, constatou-se, através da ata de julgamento da empresa vencedora no dia 06 de junho de 2023, que na sessão pública apenas uma empresa de engenharia apresentou proposta, sagrando-se vencedora do certame público. A sessão pública iniciou as 09h:20min findando às 11h:15min.

Como considerar essa obra como um case de sucesso para outros estados, se os elementos necessários para aferir a viabilidade ambiental, econômica e social do projeto não possui transparência pública e não se sabe se estes estudos foram feitos?

Seria importante o IMA e a Seminfra apresentar para os alagoanos e demais interessados em replicar a solução adotada por Maceió, que todos os estudos ambientais e ritos legais foram atendidos, bem como as mitigações e compensações ambientais. Caso não tenham sido atendidos, estaremos diante de um problema grave de falta de cumprimento legais de legislação ambiental estadual e federal

Com a palavra os envolvidos.

Todas as informações da licitação estão presentes no link: https://www.licitacao.maceio.al.gov.br/visualizar/2919

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1 Comentário

  • Está obra é NOJENTA tira a visibilidade do espelho, mobilidade , acesso a caminhadas na beira mar, expõe ao perigo de acidente por queda a quem se aproximar do paredão e o mais Grave extingue a área de reprodução das tartarugas marinhas. A justiça e os órgãos de controle precisam corrigir essa aberração.

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