8 de outubro de 2023 12:03 por Da Redação
Por Alfredo Henrique e Felipe Resk, do Metrópoles
Fundador de um “movimento” religioso voltado para jovens de Alphaville, bairro rico de Barueri, na Grande São Paulo, o influencer evangélico Victor de Paula Gonçalves, de 27 anos, conhecido como Victor Bonato, foi preso sob suspeita de estuprar três jovens que frequentavam o Galpão, grupo que ele criou há dois anos, como “elo entre a pessoa que está perdida e a igreja”.
As vítimas — duas estudantes de medicina, de 19 e 20 anos, e uma empresária de 24 anos — foram à Delegacia da Mulher de Barueri, em setembro, para denunciar que Victor Bonato usava sua “influência religiosa” para manipulá-las e obrigá-las a ter relações sexuais com ele. A polícia e o Ministério Público de São Paulo (MPSP) apontaram risco de fuga do influencer, e a Justiça decretou a prisão de Bonato no último dia 20.
Segundo o inquérito policial, obtido pelo Metrópoles, os crimes teriam ocorrido entre janeiro e setembro deste ano, em diferentes lugares, como a casa de Bonato, em Alphaville. Um dia antes do registro feito pelas mulheres na delegacia, o influencer postou um comunicado no Instagram, plataforma na qual ele tem 146 mil seguidores, dizendo que precisava se “arrepender profundamente” e que faria um “detox de redes sociais”.
No dia seguinte ao boletim de ocorrência feito pelas vítimas, e véspera de sua prisão, Bonato voltou às redes sociais para dizer que estava se “retirando da liderança” do Galpão e “tirando um tempo para me curar no Senhor”. Na mesma data, o Galpão publicou uma nota afirmando que o influencer não fazia mais parte do movimento religioso, sem mencionar especificamente as acusações de estupro feitas pelas seguidoras.
“Alguns acontecimentos ferem diretamente o que o Galpão acredita e segue, fere a palavra e está em desacordo com o que Jesus nos ensina. Por esse motivo, ele foi afastado do Galpão.”
Sete dias depois, outra nota publicada pelo Galpão informou que o movimento passaria “por uma reforma”, suspendendo seus encontros presenciais, que ocorriam sempre às terças-feiras, “em razão da apuração dos fatos que estão sendo divulgados e de um novo tempo que Deus está nos direcionando”. Mais uma vez, sem mencionar qualquer acusação contra seu fundador.
Prisão de influencer
A prisão de Victor Bonato foi decretada no dia 20 de setembro pelo juiz Fabio Calheiros do Nascimento, da 2ª Vara Criminal de Barueri, e cumprida pela Polícia Civil no mesmo dia. O pregador segue atrás das grades, segundo informação do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) ao Metrópoles nessa sexta-feira (6/10).
Na decisão, o juiz afirma que as três vítimas frequentavam o Galpão em Alphaville e que conheceram Bonato “como uma pessoa religiosa e correta”. Elas “desenvolveram algum grau de amizade” com o influencer, “a ponto de frequentar a casa dele”, até que “ele as abordou com intuito sexual”.
Ainda segundo a decisão, duas das vítimas “relatam que foram agredidas durante o ato sexual e obrigadas, mediante força, a fazer sexo oral no suspeito”.
“Todas as três vítimas disseram que foram persuadidas a aceitar ato libidinoso ou conjunção carnal, inclusive pela influência exercida pelo suspeito em razão de sua autoridade religiosa como um dos líderes do grupo e pela agressividade dele”, completa o juiz.
Procurada pelo Metrópoles, a advogada Samara Batista Santos, que defende Victor Bonato, afirmou, por meio de nota, que não poderia fornecer detalhes sobre o caso, porque a investigação tramita em sigilo, mas que o influencer evangélico “nega veementemente as alegações contra ele”, embora ainda não tenha sido interrogado.
“Reitero que respeitamos plenamente a seriedade das alegações em questão e reconhecemos a importância de proteger os direitos de todas as partes envolvidas no caso”, conclui.