23 de outubro de 2023 6:25 por Geraldo de Majella
A morte do político Eduardo Bomfim, aos 73 anos de idade, causada por um infarto fulminante, deixa o cenário político alagoano triste e empobrecido. Afastado da militância político-partidária cotidiana, o ex-dirigente comunista passou os últimos anos entre amigos e a família.
A militância política vivida por Eduardo Bomfim pode ser criticada – ninguém está livre de críticas – mas, não passou desapercebida nos últimos cinquenta anos em Alagoas.
Bomfim e outros homens e mulheres foram responsáveis pela organização do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), a mais importante organização politica de esquerda no pós-golpe militar em Alagoas. O PCdoB foi o aglutinador das forças que resistiram à ditadura-militar a partir de 1977-78, tendo como área central de atuação o Campus da Universidade Federal de Alagoas (Ufal).
As lideranças políticas com mandato no parlamento estadual e federal tiveram a coragem de denunciar, muitas vezes fustigar os ditadores de plantão e seus representantes no estado. Mas foram os estudantes quem mais e, cotidianamente, organizaram greves, manifestações, palestras e simpósios para denunciar e politizar os que não estavam engajados ou não compreendiam que o Brasil estava submetido a uma feroz ditadura.
Os sindicatos de trabalhadores estavam sufocados. Nessa quadra, eram poucas as diretorias sindicais combativas, a exemplo dos radialistas, jornalistas e dos urbanitários.
Sem os exemplos dos estudantes presos em 1973 e anteriormente, o Movimento Estudantil não teria a força que construiu.
A linha do tempo foi retomada e muito se deve ao trabalho de Eduardo Bomfim. Aqui o enfatizo sem esquecer outras pessoas que contribuíram para a formação do polo de resistência que transpôs os muros da Ufal e ganhou a simpatia de parcelas significativas da sociedade alagoana.
É importante ressaltar a sua participação como parlamentar na Assembleia Legislativa, na Câmara Federal e na Câmara de Vereadores de Maceió. A luta pelos direitos humanos, a permanente vigilância contra a ditadura e a defesa dos direitos dos trabalhadores na Assembleia Nacional Constituinte compõe a sua biografia como militante comunista e cidadão.
O seu nome já foi incluído na história política contemporânea de Alagoas como dos mais dedicados e honestos parlamentares que tivemos.
Camarada, à luta continua.
1 Comentário
Excelente relato histórico, reconhecimento a um político comprometido com seus ideais!