Ex-presidente do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) em Alagoas, a professora Cláudia Petuba usou as redes sociais para manifestar indignação com a atual gestão da sigla no estado, após saber que a atual secretária de Esportes, Ângela Stemler, está prestes a ser exonerada. Isso pode ocorrer devido a divergências internas no partido comunista.
“O partido, que tem histórico de luta pela emancipação das mulheres e promover militantes empoderadas, que agora deu pra querer mulher que só diga ‘sim senhor’, que empreste o CPF para cumprir cota e não reclame de nada, não questione nada e feche os olhos ao mal feito, mulher de ‘faz de conta’”, escreveu Petuba.
Leia abaixo a postagem de Cláudia Petuba, na íntegra:
Soube que a secretária de Estado do Esporte de Alagoas está “prestes” a ser exonerada e, caso se confirme, os reais motivos são vergonhosos! Uma vergonha para o PCdoB-AL e não para o Governo ou governador que não possuem nenhum tipo de relação com o problema, muito pelo contrário, vem se esforçando para promover as mulheres. O Partido, que tem histórico de luta pela emancipação das mulheres e promover militantes empoderadas, que agora deu pra querer mulher que só diga “sim senhor”, que empreste o CPF pra cumprir cota e não reclame de nada, não questione nada e feche os olhos ao mal feito, mulher de “faz de conta”. As mulheres que se submetem a isso fazem um desserviço às outras mulheres, fica inclusive uma crítica ao preenchimento de cota pela cota: a oportunidade é para o crescimento das mulheres e não promover uma nova forma de submissão aos homens que por trás operam tudo! Ângela, sabemos que não se trata de competência, minha solidariedade!
Há exceções
No post seguinte, a professora lembrou que no partido há homens que reconhecem a importância do empoderamento feminino, a exemplo do ex-dirigente Eduardo Bomfim, morto em outubro último aos 73 anos, que a incentivou a dirigir a sigla quando ainda tinha pouca idade.
Reprodução/Instagram
Foto da Conferência do PCdoB-AL, de 2014, quando deixei de ser vice-presidente e fui eleita presidente estadual aos 24 anos. Eduardo Bomfim era o presidente anterior e foi o responsável por insistir para eu aceitar a tarefa, eu não me achava capaz, queria continuar como vice por um tempo para aprender mais, ele dizia que eu precisaria viver a função para aprendê-la e fez tudo o que podia para promover minha formação, pensamento crítico, empoderamento… o queria por perto, mas ele foi se afastando, perguntavam se ele havia se aposentado: dizia que não, que não queria ficar muito perto para não fazer “sombra”, que estaria à disposição para ajudar quando eu precisase… poderia ter atuado para me formar e manter debaixo da sua asa, mas atuou para me fazer voar. Além do Bomfim, tive o privilégio de conviver com homens íntegros como Marcelo Malta, Sinval Costa, Robson Câmara… num ambiente respeitoso, em que os quadros que se destacavam eram formados para pensar, fossem homens ou mulheres, os quadros femininos eram fortalecidos e não subjugados. Em 2021 pedi pra sair da direção, sabia que precisaria me ausentar de Alagoas por causa dos estudos e não aceitei deixar meu nome por deixar, para justamente não ser usada para chancelar condutas que já se desenhavam: uma direção que estimula as construções na paralela, ao invés do debate de ideias nas instâncias oficiais; que estimula o cada um por si, atuando pelas suas ambições pessoais ao invés das coletivas; que esquece do tripé (luta de ideias, movimentos populares e atuação institucional) para se preocupar apenas com voto do tipo “custe o que custar”. Sigo filiada, militante em período sabático, que ainda acredita nesse partido, mas profundamente decepcionada. Por mais homens íntegros e menos “macho escroto”, por mulheres que orgulhem as outras mulheres!
