sábado 7 de setembro de 2024

JHC, a anatomia de um extremista

A "Nova Política" é uma cópia da "Antiga Política", com a distribuição de sinecuras, mimo ofertado aos novos aliados

18 de junho de 2024 9:56 por Geraldo de Majella

Reprodução

 

Por Geraldo de Majella

A ascensão política do prefeito João Henrique Caldas (JHC) tem origem no trabalho de articulação de seu pai, o ex-deputado João Caldas. A campanha eleitoral de 2010 foi impulsionada por recursos familiares, marcando o início de sua trajetória, ao ser eleito deputado estadual pelo pequeno partido Solidariedade. Em 2014, ele se elege deputado federal, ainda pelo Solidariedade. Buscando voos mais altos, em uma transação de cúpula, adquiriu o comando do Partido Socialista Brasileiro (PSB) e, em 2018, foi reeleito, após afastar os antigos dirigentes e militantes do PSB, para manobrar a sigla de acordo com seus interesses.

Durante as manifestações de rua em 2016 contra a presidente Dilma Rousseff, turbinadas pela direita e pela extrema-direita, JHC encontrou sua “janela de oportunidade” e se alinhou com os então deputados Jair Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro. De olho nas eleições municipais e na onda crescente à direita, candidatou-se a prefeito de Maceió em 2016, sendo derrotado nas urnas por Rui Palmeira (PSDB).

Com a eleição de Jair Bolsonaro como presidente da República em 2018, JHC mudou de partido, filiando-se ao Partido Liberal (PL), novo partido de Bolsonaro e um dos refúgios da extrema-direita. Sua identidade político-ideológica como bolsonarista não precisava mais de subterfúgios ou malabarismos realizados durante sua permanência no PSB. A fantasia foi rasgada na passarela da extrema-direita. Nas eleições de 2020, lançou-se candidato a prefeito, enfrentando uma disputa acirrada com Davi Filho e Alfredo Gaspar. Passou para o segundo turno e foi eleito prefeito de Maceió, derrotando Alfredo Gaspar.

Gestação do populismo extremista

As redes sociais, desde 2016, têm sido o território de João Henrique Caldas, como mecanismo de comunicação, sem renegar o modus operandi tradicional do clientelismo, fisiologismo, apadrinhamento e uso das instituições públicas como se fossem propriedades privadas suas. Em público, porém, condena essas práticas atrasadas. Essa postura contrasta com a imagem de político moderno que tenta passar em suas redes e em público.

Realizou o maior loteamento de cargos na Prefeitura de Maceió logo após a eleição de 2020, atraindo ex-adversários como o deputado federal Alfredo Gaspar e Davi Filho. A “Nova Política” é uma cópia da “Antiga Política”, com a distribuição de sinecuras, mimo ofertado aos novos aliados que indicaram parentes, filhos, tios, primos para cargos de secretários municipais e assessores. Tudo em nome da “Nova Política”.

Foto: Reprodução/Instagram

Destruição da administração pública

A destruição da administração pública faz parte do DNA da extrema-direita. Tornar ineficientes os controles, afrouxar a fiscalização nas áreas do meio ambiente, controle do solo e território urbano da cidade são metas fixadas e cada vez mais alcançadas na administração de João Henrique Caldas. Instalar em áreas estratégicas da administração os prepostos do empresariado mais retrógrado faz parte da agenda de compromissos políticos e ideológicos do prefeito.

O crescente processo de privatização através da terceirização da Saúde, com a compra faraônica do Hospital do Coração, rebatizado como Hospital da Cidade, é a mais evidente e nociva transação realizada na atual gestão. O acelerado processo de privatização da Educação é um escândalo sem precedentes na história da cidade, com centenas de milhões destinados à terceirização de equipamentos improvisados como creches. A sucessão de descaso com as questões urbanas e a infraestrutura de Maceió, bem como a extinção de qualquer possibilidade de planejamento, são vilipêndios verbalizados pela gambiarra administrativa que é o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Maceió (Iplan)

Foto: Itawi Albuquerque/Secom Maceió

Negócio, fé e votos

A relação empresarial da família do prefeito, que possui concessões de rádios e televisão em Alagoas, com igrejas neopentecostais, vai além do escopo do negócio. O prefeito se declara evangélico e mantém relações comerciais com algumas igrejas. O tripé formado pela relação com as igrejas resulta em apoio eleitoral. Esse tipo de relação tem sido profícuo para ambas as partes. Em suas redes sociais, o prefeito posta citações bíblicas que, conscientemente, agradam ao público eleitor evangélico.

A extrema-direita tem em parte significativa dos evangélicos seus mais fervorosos apoiadores e seguidores. JHC transita bem entre esse segmento, principalmente por ter sob seu domínio concessões públicas de meios de comunicação que são remunerados pelos serviços prestados às igrejas e conta com o apoio político e eleitoral dos pastores.

O círculo é fechado com negócio, fé e voto.

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