15 de julho de 2024 3:24 por Da Redação
Por Sabino Fidelis de Moura
Canarinho!
Ahhh!
Quantas foram as vezes que me embeveci te ouvindo cantar versos, fazer improvisos, tocando pandeiro ou violão…
Te vi — vestido de palhaço ou de guerreiro, rosto pintado, efusivamente brilhando no colorido da roupa, junto às lantejoulas do brilhante chapéu. Era tudo que eu queria ver! Com a boca aberta, babando…
Quer seja nos dias de feira livre ou nas noites festivas — ou até mesmo, nos solitários dias da falta de reconhecimento, em que você entornava um gole, um trago da cachaça para acalentar a alma.
Seus repentes, sua profusão de martelo em versos, martelo agalopado ou galope à beira-mar, não cabem em um só texto.
Você merece muito, Canarinho!
— Merece o céu repleto de cantadores, de poesias, de loas de guerreiro, de batuque de pandeiro, de violas de repentistas…
Então,
Vá pra lá!
Quem foi Canarinho de Alagoas
Morreu na madrugada do sábado (13), ao 78 anos, o mestre Antônio Salvador de Souza, conhecido como Canarinho de Alagoas, nasceu em Limoeiro de Anadia, desse 2012 teve o reconhecimento como Patrimônio Vivo da cultura de Alagoas. Tendo desde muito jovem se destacado como trovador, repentista e embolador.
O início de sua longa carreira artística nas praças e feiras livres das cidades do interior de Alagoas e no Centro de Maceió, se apresentando com invejável habilidade tanto no dedilhar das cordas do violão e viola quanto no ritmo do pandeiro, durante meio século alegrando os seus espectadores.
Melina Freitas
A secretária de Estado da Cultura e Economia Criativa, Mellina Freitas, lamentou a perda do mestre. “Canarinho de Alagoas foi um ícone da cultura popular alagoana. Sua voz poderosa e seu talento para improvisar nos versos de repente e nas emboladas deixaram uma marca indelével em todos que tiveram o privilégio de ouvi-lo. Perdemos um grande artista, mas seu legado viverá para sempre em nossas memórias e na tradição que ele tão bem representou”.
João de Lima
“Canarinho de Alagoas era um grande poeta, uma verdadeira barragem de talento. Na embolada, no pandeiro, na viola, ele se destacava pela sua criatividade. Tudo o que ele cantava era de autoria própria, fruto de sua inventividade. Ele era um verdadeiro mestre, pois não apenas aprendeu a arte, mas também ensinou e criava suas próprias canções, mostrando sua genialidade. Ele tinha uma bagagem imensa de conhecimento e era muito bom nos desafios. Um grande batalhador e animador das feiras de Alagoas e de todo o Brasil. Quando chegava com aquele pandeiro, arrancava risadas de todos. Era impressionante”, disse o mestre do Patrimônio Vivo João de Lima.