19 de julho de 2024 6:47 por Geraldo de Majella
Por Geraldo de Majella
O prefeito João Henrique Caldas, de 37 anos, tem uma carreira política meteórica. Ele entendeu que poderia ser vendido como um produto de consumo, e a formatação e o desenvolvimento de sua imagem ficariam sob a responsabilidade do marketing.
JHC é um outsider – indivíduo que não pertence a um grupo determinado, na tradução direta –, ele compreendeu o potencial da internet em 2010, quando se elegeu deputado estadual, numa época em que a rede mundial também dava seus primeiros passos. Embarcou no desconhecido e, hoje, atua como influencer-prefeito.
O que diferencia JHC da maioria dos políticos é o desprezo pela realidade dos fatos. O dramaturgo Nelson Rodrigues, ao exaltar seu amor pelo Fluminense, escreveu: “Eu vos digo que o melhor time é o Fluminense. E podem me dizer que os fatos provam o contrário, que eu vos respondo: pior para os fatos”.
De forma semelhante, a realidade paralela que o prefeito João Henrique Caldas impõe à cidade de Maceió, através das redes sociais, tem se mostrado eficaz e sem precedentes.
Assim como Fernando Collor, em 1985, identificou que poderia romper com o grupo hegemonizado por Divaldo Suruagy e Guilherme Palmeira ao ir para o PMDB, de onde alçou voo para o governo estadual e, dois anos depois, foi eleito presidente da República.
Naquela época, não havia redes sociais, e Collor contou com a Rede Globo e toda a imprensa brasileira, além do apoio óbvio de bancos, industriais e outros setores. Sabemos bem como essa história terminou.
Os políticos tradicionais – de direita, centro e esquerda, se é que ainda existem essas distinções – não devem tratar JHC como um idiota que vive grudado nas redes sociais. JHC é um político do seu tempo, o tempo das redes sociais.
Ele entende o alcance dessas plataformas e produz “conteúdo” – independentemente do tipo e qualidade – que alimenta a desinformação da sociedade, criando realidades paralelas de alto custo para o erário público e com efeitos colaterais significativos.
O modus operandi de seus opositores tem se demonstrado ineficaz, pelo menos até o momento, para levar o prefeito às cordas.