sexta-feira 22 de novembro de 2024

Enquanto JHC surfa nas redes, adversários falham em furar a bolha da realidade virtual

Hábil nas redes sociais, prefeito larga na frente ao "vender" para a população a ideia de uma Maceió que não existe

19 de julho de 2024 6:47 por Geraldo de Majella

Reprodução

Por Geraldo de Majella

O prefeito João Henrique Caldas, de 37 anos, tem uma carreira política meteórica. Ele entendeu que poderia ser vendido como um produto de consumo, e a formatação e o desenvolvimento de sua imagem ficariam sob a responsabilidade do marketing.

JHC é um outsider – indivíduo que não pertence a um grupo determinado, na tradução direta –, ele compreendeu o potencial da internet em 2010, quando se elegeu deputado estadual, numa época em que a rede mundial também dava seus primeiros passos. Embarcou no desconhecido e, hoje, atua como influencer-prefeito.

O que diferencia JHC da maioria dos políticos é o desprezo pela realidade dos fatos. O dramaturgo Nelson Rodrigues, ao exaltar seu amor pelo Fluminense, escreveu: “Eu vos digo que o melhor time é o Fluminense. E podem me dizer que os fatos provam o contrário, que eu vos respondo: pior para os fatos”.

De forma semelhante, a realidade paralela que o prefeito João Henrique Caldas impõe à cidade de Maceió, através das redes sociais, tem se mostrado eficaz e sem precedentes.

Assim como Fernando Collor, em 1985, identificou que poderia romper com o grupo hegemonizado por Divaldo Suruagy e Guilherme Palmeira ao ir para o PMDB, de onde alçou voo para o governo estadual e, dois anos depois, foi eleito presidente da República.

Naquela época, não havia redes sociais, e Collor contou com a Rede Globo e toda a imprensa brasileira, além do apoio óbvio de bancos, industriais e outros setores. Sabemos bem como essa história terminou.

Os políticos tradicionais – de direita, centro e esquerda, se é que ainda existem essas distinções – não devem tratar JHC como um idiota que vive grudado nas redes sociais. JHC é um político do seu tempo, o tempo das redes sociais.

Ele entende o alcance dessas plataformas e produz “conteúdo” – independentemente do tipo e qualidade – que alimenta a desinformação da sociedade, criando realidades paralelas de alto custo para o erário público e com efeitos colaterais significativos.

O modus operandi de seus opositores tem se demonstrado ineficaz, pelo menos até o momento, para levar o prefeito às cordas.

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