Por Neirevane Nunes*
Por ser a Braskem responsável pelo maior crime socioambiental em área urbana no mundo, o plantio de árvores em canteiros e praças está muito aquém da destruição que ela promoveu em nossa cidade.
Como afetada pelo crime da Braskem vejo este projeto como pura hipocrisia. Se a Braskem quer “proporcionar bem-estar à população”, que ela comece a realocar e indenizar todas as suas vítimas que estão na borda do mapa de risco como Flexais, Quebradas, Marquês de Abrantes, Vila Saem e Bom Parto.
Como também reparar a todos os que tiveram, além dos danos materiais, danos à saúde mental e física devido à mineração irresponsável. Deve corrigir também os valores em danos morais pagos de forma vergonhosa aos afetados. E também deveria encerrar com os processos movidos contra nós, suas vítimas, querendo nos amordaçar, nos silenciar e perseguir. Como bióloga, avalio como uma ação praticamente insignificante diante da série de crimes ambientais que vem promovendo.
A Braskem deve ao Estado de Alagoas uma compensação ambiental que seja relevante e compatível aos diversos danos causados por sua mineração predatória. Além do afundamento de cinco bairros de Maceió, com a perda de cerca de 14 hectares de manguezal, com o comprometimento da cadeia produtiva da Laguna Mundaú, a mineradora prejudicou o acesso ao Parque Municipal de Maceió, está utilizando areia extraída de forma irregular e, para tamponamento de suas minas, causando outros crimes ambientais já que areia vem sendo retirada de áreas de restinga que são de Preservação Permanente. A planta industrial ainda está instalada numa área ambientalmente imprópria para a atividade que desenvolve.
A unidade do Pontal da Barra impactou, severamente, a área de restinga onde está inserida e representa um risco constante para a população do entorno. Portanto, como especialistas, defendemos que além da realocação da unidade do Pontal, a Braskem deve ainda à Região Metropolitana de Maceió, como compensação ambiental, pelo menos uma Área de Conservação de Proteção Integral. E nós já indicamos algumas áreas de forma prioritária:
- As Dunas do Cavalo Russo envolvendo o Leprosário (Marechal Deodoro)
- A Boca da Barra, atrás do antigo Detran.
Já existe um processo para criação de unidades de conservação para esta área que envolve as Dunas do Cavalo Russo, mas o IMA (Instituto do Meio Ambiente) alega não ter recursos para desapropriar os terrenos, que são privados. Mas a Braskem, pelo passivo ambiental que tem para com a Região Metropolitana de Maceió, tem recursos para viabilizar a criação dessas áreas de Unidade de Conservação de Proteção Integral.
*Bióloga e Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Sociedade, Tecnologias e Políticas Públicas da Unima.