Por Caroline Nunes, do Alma Preta
Cinco acrobacias com seu nome. Sete medalhas olímpicas, sendo quatro de ouro, uma de prata, duas de bronze e mais: 30 medalhas em campeonatos mundiais. Coragem em interromper a carreira nos Jogos Olímpicos de Tóquio (2020) para cuidar da saúde mental. E as críticas principais que recebe são sobre sua aparência. É o que relatou a ginasta estadunidense Simone Biles, no documentário “O Retorno de Simone Biles”, disponível na Netflix.
“Os comentários sobre meu cabelo, em 2016, me incomodaram”, disse a atleta. ” Disseram que era um cabelo bagunçado, duro, fora do lugar. As pessoas ficam confortáveis comentando coisas e por isso eu silencio [nas redes sociais]. O padrão de beleza é demais”, comenta a ginasta.
O documentário destaca a importância da aparência física na ginástica: cabelo loiro e liso era considerado o ideal. Para Simone Biles, essa realidade revela um padrão de beleza eurocêntrico e discriminatório que excluía as mulheres negras da possibilidade de serem reconhecidas como belas e talentosas na ginástica.
“Sei como é ser a única mulher negra na equipe e não ter nenhuma referência para seguir. Felizmente, tivemos Betty Okino, Dominique Dawes, Gabby Douglas e muitas outras, mas foi um pouco tarde”, disse Biles no documentário.
Simone Biles recorda um momento recente que marcou a história do esporte: o pódio do Campeonato Mundial de Ginástica Artística, realizado em Antuérpia, na Bélgica, em outubro de 2023. Nesse dia, o pódio foi dominado por atletas negras – além dela estavam Rebeca Andrade e Shirley Jones –, um feito inédito em um campeonato mundial.
“É algo que você só sonharia em ver ou testemunhar, e muitas meninas precisam ver. As três juntas no pódio, sendo as melhores do mundo. Espero que isso inspire outras meninas a perseguirem seus sonhos e acreditar em si mesmas”, compartilhou a ginasta.