Por Neirevane Nunes*
As notas e propagandas que são lançadas na mídia sobre o Projeto Flexais fazem parte de uma prática identificada nas áreas de Comunicação e das Ciências Políticas como Fabricação de Consentimento, termo que foi trabalhado pelos cientistas Edward S. Herman e Noam Chomsky.
Esse conceito se refere ao uso de meios de comunicação e outras formas de influência social para moldar ou direcionar a opinião pública. É uma forma de propaganda sutil que seleciona informações, omite outras e forja uma narrativa para viabilizar certos objetivos.
No caso do Projeto Flexais, o discurso utilizado é para legitimar ações da Braskem e da Prefeitura de Maceió nos Flexais com um projeto imposto pelo poder público e que viola direitos e não atende às reais necessidades das pessoas que estão sendo forçadas ou condenadas a viver nos Flexais em condições desumanas.
Essa construção da narrativa de que a situação de ilhamento socioeconômico será revertida através das ações do Projeto Flexais e de que a população legitima essas ações faz parte do processo de apagamento das vítimas da Braskem. E nesse processo vemos a naturalização de idéias com a fabricação de consentimento que determinadas afirmações e idéias sejam aceitas como “naturais” pela população, e isso promove a falta de questionamento, divide os coletivos de luta e a fragiliza a resistência.
O nosso papel como população atingida pelo crime da mineração da Braskem é o de desconstruir essa narrativa.
*Bióloga e Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Sociedade, Tecnologias e Políticas Públicas da Unima