sexta-feira 22 de novembro de 2024

Cemitérios públicos: filas para enterrar em covas rasas, ossadas expostas e urubus à espreita

A Autarquia de Desenvolvimento Sustentável e Limpeza Urbana (Alurb), responsável pela manutenção e administração dos cemitérios da capital, tem tratado as famílias com descaso

2 de setembro de 2024 7:53 por Da Redação

Foto: Secom Maceió

As famílias que precisam enterrar seus entes queridos têm denunciado nas redes sociais e na mídia o estado de abandono dos cemitérios em Maceió. Sob a administração do prefeito João Henrique Caldas (PL), muitos cemitérios estão em ruínas e sem condições adequadas de funcionamento. No entanto, essa situação caótica parece não preocupar o prefeito.

A Autarquia de Desenvolvimento Sustentável e Limpeza Urbana (Alurb), responsável pela manutenção e administração dos cemitérios da capital, tem tratado as famílias com descaso. O diretor-presidente da Alurb, Moacir Teófilo, afirma que não há falta de vagas, mas expressa preocupação em evitar que elas faltem em breve. No entanto, essa declaração não condiz com a realidade enfrentada pelas famílias todos os dias.

O coordenador dos cemitérios, Tarcísio Palmeira, é o responsável direto pelo problema, mas não encaminha soluções dignas e respeitosas para as famílias. A professora Neirevane Nunes relatou que sua família foi obrigada a esperar na fila para sepultar um primo no cemitério São José. “Infelizmente, meu primo foi sepultado em uma cova rasa. Isso é inaceitável. Todo cidadão tem o direito a um sepultamento digno e não precário em uma cova rasa. A prefeitura não está cumprindo o que foi acordado com a Defensoria Pública do Estado. O prefeito se comprometeu a zerar a fila de sepultamentos, mas ontem (sábado, 31 de agosto), havia 12 pessoas na fila para serem sepultadas.”

“O meu primo foi sepultado em uma cova tão rasa que a tampa do caixão ficou praticamente no nível do solo e coberta por um amontoado de areia, que em poucas semanas se desfaz, expondo o caixão. Na área final do cemitério, já vimos urubus rondando”, relata Neirevane.

Moradora do bairro do Farol, vítima da Braskem, a professora Josy Luciano, em uma rede social, expressou sua apreensão sobre o cemitério onde sua mãe está sepultada: “De quinze em quinze dias visito o túmulo de minha mãe, e em uma dessas visitas registrei o caos no local. A igrejinha dentro do cemitério o teto desabou e as portas estão amarradas com cordas. Em breve, vou retirar os restos mortais da minha mãe deste lugar, que está em completo abandono. Infelizmente, a população está assistindo a esse verdadeiro caos,” disse Josy Luciano.

Quem se beneficia com o caos?

O último cemitério público construído em Maceió data de 1969. Desde então, já se passaram 55 anos e, nesse meio século, a iniciativa privada tem expandido seus negócios, construindo novos cemitérios. As condições se agravaram com dois fatores: a pandemia e o fechamento do Cemitério Santo Antônio, em Bebedouro, em decorrência do afundamento dos bairros provocado pela mineração desenfreada da Braskem.

A população que não tem condições de pagar por um plano funerário está sendo humilhada pela Prefeitura de Maceió.

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