quinta-feira 21 de novembro de 2024

Ronaldo Lessa assina manifesto em defesa do mandato do deputado Glauber Braga

Processo de cassação abre precedente perigoso, alertam lideranças

12 de setembro de 2024 5:03 por Da Redação

Reprodução

O vice-governador de Alagoas, Ronaldo Lessa, é um dos signatários de carta assinada por lideranças políticas nacionais em defesa do mandato do deputado federal Glauber Braga (PSOL/RJ).

Nessa quarta-feira, 11, o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados aprovou por 10×2 o andamento do processo que averigua o episódio em que o parlamentar expulsou um integrante do Movimento Brasil Livre (MBL) da Casa aos chutes.

Além de Lessa, apoiam o parlamentar carioca Luiza Erundina, deputada federal (PSOL-SP); José Genoino, ex-deputado federal (PT-SP); Roberto Amaral, ex-ministro de Ciência e Tecnologia; Antônio Claudio Mariz de Oliveira, Advogado; Pedro Dallari, professor titular da Faculdade de Direito da USP; e Maria Vitoria Benevides, Professora emérita da Faculdade de Educação da USP.

Leia a nota na íntegra:

Em defesa de Glauber Braga

Ameaça de cassação é precedente perigosíssimo, que lembra momentos da ditadura militar

Forças do atraso acenam com a cassação do mandato do deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ), um parlamentar de primeira linha, cuja atuação faz lembrar os melhores momentos da boa política fluminense e de seus representantes na Câmara dos Deputados.

O Rio de Janeiro se notabilizou, desde a redemocratização de 1945, pela eleição de parlamentares que pensam a província a partir do interesse nacional e do lugar do Brasil no mundo. Seus melhores políticos sempre se devotaram a questões como o desenvolvimento e a defesa da democracia. Não por acaso, tantos deles foram cassados pela última ditadura.

Glauber é herdeiro legítimo dessa tradição. Seu perfil incorpora intrepidez e uma vida privada sem nódoas —atributos que precisam ser preservados quando a vida pública brasileira conhece momentos tão críticos e preocupantes.

Defensor dos direitos humanos e da democracia, ele tem papel importante na política brasileira e inspira aqueles que acreditam na necessidade de uma sociedade fundada na justiça social, estando dispostos a lutar por ela, sem medir sacrifícios.

As bandeiras da atividade parlamentar de Glauber compreendem as dimensões fundamentais da boa política e a preocupação com os trabalhadores, junto dos quais sua voz e sua solidariedade se fazem sempre presentes. Essa preocupação se articula com as grandes questões nacionais e globais, o que enriquece a qualidade de seus mandatos.

Para o jovem parlamentar fluminense, a tarefa que a realidade exige do agente político de nossos dias é o combate pela democracia e contra a tragédia social que deita raízes em nossa formação social, fundada no escravismo e no latifúndio. A luta de peito aberto em defesa dos trabalhadores e de uma economia nacional forte posta a serviço do desenvolvimento, porém, cobra um caro tributo. Para os donos do poder, Glauber passa a constituir-se em mau exemplo.

É por essas razões —pelo que diz e pelo que faz— que seu mandato está sendo ameaçado. E se ergue contra ele uma articulação engendrada nos bolsões de atraso da política brasileira. Foi enviada ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados um requerimento pedindo a abertura de processo de cassação do mandato de Glauber. Ele é acusado de faltar ao decoro parlamentar ao reagir com veemência à agressão de um provocador que insultara a memória de sua mãe, em abril último, naquele momento enferma e que viria a falecer poucos dias depois. Se aprovado no Conselho de Ética, o pedido seguirá para o plenário, que decidirá a sorte de Glauber.

É a espada de Dâmocles sobre a cabeça do deputado, numa clara ameaça a um mandato exemplar, outorgado pelo voto popular. Caso não seja impedida essa violência inominável, ela roubará de nossa cena política um de seus melhores quadros, num ataque à democracia e aos milhares de eleitores de Glauber Braga.

Estamos diante de um precedente perigosíssimo, que lembra momentos da ditadura militar. Se ele for aberto, outros parlamentares poderão ser as próximas vítimas. E, com isso, não só eles: também a democracia.

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