domingo 24 de novembro de 2024

Alagoas possui 800 mil famílias endividadas; percentual é de 74,3%

Segundo a pesquisa do Instituto Fecomércio AL, o endividamento subiu 3,2% nas famílias de renda mais baixa, mas recuou -2,2% entre as de maior renda
Foto: Assessoria

Setembro registrou alta no endividamento (2,9%) e na inadimplência (6%) das famílias alagoanas, conforme demonstra a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), para Alagoas, realizada pelo Instituto Fecomércio AL, em parceria com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). No geral, o estado possui 74,3% de endividados, totalizando cerca de 800 mil famílias, em termos absolutos, considerando os dados do IBGE.

Desde o início deste ano, enquanto o Brasil vem reduzindo o nível de endividamento, Alagoas tem apresentado crescimento no indicador. Paralelamente, a inadimplência – que iniciou o ritmo de crescimento em junho -, apresentou estagnação em setembro, com 9,3% das famílias afirmando não terem condições de pagar as dívidas. Além disso, o superendividamento (que ocorre quando mais de 50% do orçamento está comprometido), deixou de recuar.

Para o assessor econômico do Instituto Fecomércio AL, Francisco Rosário, este cenário é preocupante para o comércio que vende a crédito, uma vez que as dívidas em atraso e superendividamento estão comprometendo a renda atual e a futura, impedindo um maior consumo. “Um dos possíveis motivos para a realidade alagoana é o fato de a renda gerada pelos empregos não ser suficiente para manter o padrão de consumo. Mas há um elemento externo que vem impactando negativamente no orçamento das famílias: as apostas on-line. No Brasil, segundo a CNC, elas já levaram 1,3 milhão de famílias para a inadimplência”, analisa.

Taxa de endividamento recua, mas contas antigas ainda impactam

Na variação mensal, nas faixas comparativas do endividamento houve redução apenas no número de famílias sem dívidas (-7,5%). Entre os aumentos dos demais, destaque para as famílias “muito endividadas” (31,9%) e as “pouco endividadas” (25,7%). “O crescimento do endividamento se amplia a partir maio, provavelmente após o efeito do Programa Desenrola na contenção da inadimplência. Ao liberar o crédito das famílias, elas voltaram a se endividar”, analisa o economista.

E apesar das dívidas serem uma realidade crescente, a taxa de endividamento, que estava se elevando a 4,02% ao mês (am), reduziu para 2,91% am, em setembro. Isto pode indicar uma folga nas contas, mas, possivelmente, não o suficiente, já que os orçamentos continuam apertados por conta de dívidas passadas.

Acesso a crédito para um consumo mais sofisticado

Pelo terceiro mês consecutivo, o número de famílias com dívidas por período superior a um ano reduziu e, em setembro, caiu -1,1%. Já o percentual dos consumidores que possuem mais da metade dos rendimentos comprometidos com dívidas teve um aumento de 0,6 pontos percentuais (pp.), sinalizando que o superendividamento começa a ser um problema.

Na observação por faixas de renda, percebe-se que as famílias de renda mais baixa se endividaram mais (3,2%), enquanto as famílias com maior renda tiveram redução (-2%). Esse movimento, segundo o economista, pode significar que o incremento financeiro gerado por novas ocupações e o aumento real da renda em Alagoas são insuficientes para suprir as despesas das famílias de renda mais baixa. Isso explicaria o aumento de 7% que estas famílias tiveram na inadimplência, em setembro. Entre as de maior renda, o movimento foi inverso: houve redução de -22,2% no atraso das dívidas.

“Se de um lado, as melhorias nos indicadores econômicos em Alagoas, como emprego e renda, não estão impedindo que a população de renda mais baixa aumente seu endividamento; por outro, parte dessa população também pode estar acessando crédito para um consumo mais sofisticado”, explica o economista. Isto porque dados de pesquisas anteriores, tanto sobre endividamento quanto de consumo, indicam aumento na aquisição de bens semiduráveis e como a maioria da venda destes bens é vinculada ao crédito, isso implica o maior endividamento. Entre as formas de crédito mais usuais estão o cartão de crédito (95,8%) e os carnês (22,8%). Na comparação anual, o cartão de crédito teve redução de -1,4%, enquanto o carnê e o crédito pessoal aumentaram em 20% e 432%, respectivamente.

Por Assessoria

Please follow and like us:
Pin Share

Mais lidas

Polícia científica identifica digitais de suspeitos em brigas entre torcedores de CSA e CRB

Uma perícia realizada pelo Instituto de Criminalística de Maceió em um veículo utilizado na

Cultura reúne artistas musicais para novo cronograma do 6º Festival Em Cantos de Alagoas

A Secretaria de Estado da Cultura e Economia Criativa (Secult) reuniu, na terça-feira (10),

TRE proíbe motorista de aplicativo de colar adesivo de candidatos

Veículos cadastrados em aplicativos de transporte urbano, como Uber, 99, InDriver e outros, não

Eleições 2024: cresce em 78% o número de eleitores menores de 18 anos

Por Iram Alfaia, do portal Vermelho O Brasil possui 1.836.081 eleitores menores de 18

Eleitores vítimas da Braskem são orientados a buscar novos locais de votação

A mineração predatória que a multinacional Braskem S/A realizou em Maceió por quase 50

  Dados de Projetos Esportivos Clube de Regatas Brasil – CRB Autor Descrição da

Senador vê desprendimento na renúncia de Joe Biden

O senador alagoano Renan Filho (MDB), ministro dos Transportes no terceiro governo do presidente

Técnicos da Ufal avaliam proposta do governo para por fim à greve que pode chegar

  O Sindicato dos Servidores Públicos Federais da Educação Básica e Profissional no Estado

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *