22 de outubro de 2024 12:39 por Da Redação
Desde maio deste ano que os órgãos de fiscalização cobram da Mineradora Vale Verde (MVV) que apresente informações sobre os deslizamentos de terra registrados, no dia 7 daquele mês, dentro da área de extração. Passados 5 meses, a mineradora, instalada no município de Craíbas, a 140 quilômetros de capital alagoana, está sendo cobrada pelo aumento do número de imóveis com fissuras.
Em 2020, logo após a instalação da empresa, a população de Craíbas já alertava para os riscos de uma tragédia ambiental no município, o temor de um novo Caso Pinheiro, referência à mineradora Braskem S/A, que destruiu cinco bairros em Maceió. Naquele ano, quando foram registrados tremores de terra, cerca de 50 imóveis apresentavam fissuras. Hoje em Craíbas estima-se em mais de 400 o número de casas com rachaduras, muitas com risco de desabamento.
Além das casas na área em torno da mina, principalmente ao redor da mina do Serrote, de onde a MVV extrai cobre, imóveis situados em outros pontos – Torrões, os sítios Canaã, Capim e Lagoa do Mel – também apresentam rachaduras.
A Justiça Federal de Alagoas, numa ação civil pública impetrada pela Defensoria Pública da União (DDPU), em junho de 2023, determinou que sejam apuradas e definidas as causas dos danos ambientais a que a população de Craíbas está submetida.
Enquanto a Vale Verde estima em cerca de 4,1 milhões de toneladas a quantidade de cobre extraída no município a cada ano, pequenos agricultores lutam para continuar em suas casas e atividades rurais.
Além das rachaduras nos imóveis, a exploração do minério tem resultado em danos à saúde dos moradores, que sofrem com insuficiência renal crônica, encefalopatia, osteomalacia, anemia, e dos animais, com fêmeas morrendo no período de reprodução.
Os prejuízos ao meio ambiente estão relatados em estudos da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), apontando a existência de metais pesados no Riacho Salgado, que faz parte da sub-bacia do Rio Traipu, integrante da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, acima dos limites toleráveis. Muitos craibenses reclamam ainda que o solo está improdutivo.
O que diz a MVV
A Mineração Vale Verde se apresenta como a primeira empresa de metais básicos de Alagoas. Sua instalação no Estado tem como objetivo a retirada do concentrado de cobre para exportação. Seu cliente principal é o mercado asiático.
O cobre, diz a mineradora em seu site, “é o 3º metal mais utilizado no mundo, perdendo apenas para o ferro e o alumínio, respectivamente”.
Em notas sobre as denúncias dos craibenses, a MVV informa que tem controles, medições, auditorias internas e externas, e nega que o desmonte das rochas de cobre tenham relação com os danos ambientais registrados no município. “Estamos 100% dentro dos limites estabelecidos por lei, e até muito longe desses limites estabelecidos”, diz Breno Delfino Martins, engenheiro da mineradora.
Embora se manifeste favorável aos estudos determinados pela Justiça Federal, a mineradora recorreu da determinação de instalar sensores, alegando que o valor cobrado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte para desenvolver o projeto é alto. Segundo Delfino, a MVV aguarda uma audiência de conciliação marcada para o dia 19 de novembro próximo.