Por Rafaella Ramos, do Vatican News
A região do nordeste brasileiro é conhecida pela diversidade cultural e fé inabalável do seu povo que se manifesta em tradições religiosas que atravessam gerações. Em Maceió, capital de Alagoas, essa religiosidade se revela de várias formas, por exemplo, através da devoção a Nossa Senhora no Santuário da Virgem dos Pobres.
De acordo com o Padre José Aloísio Oliveira, reitor do santuário, a devoção à Virgem dos Pobres em Maceió começou na década de 1970, com a chegada das religiosas belgas da Congregação da Imaculada Conceição que passaram um período de repouso no antigo sítio Betânia. O local pertencia à Santa Casa de Misericórdia e servia para retiro religioso.
Uma das irmãs havia levado à capital alagoana uma imagem da Virgem dos Pobres. O capelão, monsenhor João de Oliveira, celebrava missas e, com o tempo, fiéis foram se agregando para participar das celebrações e milagres foram sendo atribuídos à ela. Assim começou a devoção a Nossa Senhora da Virgem dos Pobres em Maceió que perdura até hoje, comentou o Pe. José:
‘’É um local de muita devoção entre os fiéis. São milhares de pessoas que participam das nossas missas, que vêm para pedir graças e agradecer. São anos de dedicação para que a gente mantenha este local cada vez mais aconchegante para quem precisa ter um momento de fé e paz’.’
Para chegar até a imagem, que fica no alto do santuário, os fiéis sobem uma ladeira íngreme, onde muitos cumprem promessas, pagam penitências e expressam gratidão pelas graças alcançadas. Nas paredes do santuário, fotos, mensagens e imagens de agradecimento compõem o cenário e comprovam a devoção à Virgem dos Pobres.
A devoção que começou na Bélgica
A devoção à Virgem dos Pobres remonta a 1933, na cidade de Banneux, na Bélgica. Naquela época, a jovem Mariette Beco (1921-2011) teve uma série de visões de Nossa Senhora. Em 15 de janeiro, por exemplo, enquanto olhava pela janela de casa, ela avistou uma figura luminosa vestida de branco. Três dias depois, a aparição voltou e a guiou até uma fonte de água, onde Nossa Senhora pediu que ela colocasse a mão na água, afirmando que se tratava de uma fonte milagrosa. Desde então, o local atrai peregrinos em busca de cura e consolo.
Nas aparições seguintes, Nossa Senhora se identificou como a “Virgem dos Pobres” e solicitou a construção de uma capela em sua homenagem. O local se transformou em um famoso santuário, um dos mais populares da Europa, com fiéis de várias partes do mundo. Reconhecidas pela Igreja em 1949, as aparições marcaram conversões e milagres, com a Virgem pedindo orações e alertando sobre os perigos que ameaçavam o mundo.
O Santuário Arquidiocesano Virgem dos Pobres de Maceió
Com mais de três décadas de história, o Santuário da Virgem dos Pobres, no bairro de Mangabeiras, em Maceió, recebe mais de 10 mil fiéis por mês. Durante toda primeira quarta-feira do mês, três missas são celebradas ao longo do dia, sempre com lotação máxima, os fiéis que buscam um momento de fé e devoção. “Nesse dia recebemos em torno de 3 mil pessoas. Muita gente passa por aqui para acompanhar a celebração da primeira quarta do mês”, relata o Padre José Aloísio.
Em 2017, o então arcebispo de Maceió, dom Antônio Muniz, assumiu a direção do santuário e convidou seminaristas, diáconos e padres para ajudar na administração do local. Segundo o Padre José Aloísio, em novembro deste ano o Santuário da Virgem dos Pobres será oficialmente instituído pelo atual arcebispo de Maceió, dom Carlos Alberto, como o único santuário mariano da arquidiocese e um ponto legítimo de peregrinação para o Jubileu de 2025.