27 de novembro de 2024 10:18 por Da Redação
Por Igor Mello, do ICL Notícias
O tenente-coronel Mauro Cid, então ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, orientou manifestantes acampados em frente a quarteis a marcharem em direção às sedes do STF (Supremo Tribunal Federal) e do Congresso em novembro de 2022.
A orientação foi revelada por mensagens de WhatsApp recuperadas pela PF (Polícia Federal). No diálogo com o major do Exército Rafael de Oliveira, um dos Kids Pretos envolvidos na tentativa de assassinato contra o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Após receber um pedido de orientação de Oliveira, Cid afirma que os manifestantes deviam ir pro “STF e CN [Congresso Nacional]”. E garante que eles seriam protegidos pelas Forças Armadas.
Para a PF, a orientação passada por um integrante do núcleo duro do governo se concretizou em 8 de janeiro de 2023: “Percebe-se que no dia 11 de novembro de 2022, já havia a intenção de que as manifestações fossem direcionadas fisicamente contra o STF e o Congresso Nacional, fato que efetivamente ocorreu no dia 08 de janeiro de 2023”.
Respaldo aos manifestantes
A conversa indica que Oliveira servia como ponte entre a cúpula do governo Bolsonaro e os manifestantes nos quartéis. O assunto começa no dia 11 de novembro, quando os comandantes das três forças assinaram uma nota conjunta chancelando os acampamentos golpistas na frente de unidades militares por todo o país.
Oliveira começa dando um retorno positivo sobre a repercussão da nota: “Então, com a Carta das Forças Armadas, o pessoal elogiou muito, eles estão se sentindo seguro pra dar um passo à frente. Então, os organizadores dos movimentos vão canalizar todos os movimentos previstos (inaudível) o dia 15 como ápice, a partir de agora, lá pro Congresso, STF, Praça dos Três Poderes basicamente”.
Cid concorda em um áudio: “Estão sentindo o respaldo das Forças Armadas, porque agora esses movimentos, e, eé o que os caras querem, eles vão botar o nome deles no circuito pra aparecer lideranças que puxa o movimento pro, pro, pro, pro, pro STF e pro…para o Congresso”.
Cid continua: “E aí o medo deles é retaliação por parte do Alexandre Moraes. Então, no entendimento deles, essa carta significa que as Forças Armadas vão garantir a segurança deles. Manifestação pacífica é livre. Então, se eles forem lá e forem presos, as Forças Armadas vão garantir a segurança deles”.
No inquérito, a PF traz elementos que relacionam a trama golpista do fim do governo Bolsonaro com o ataque às sedes dos três poderes em 8 de janeiro. Segundo os investigadores, Bolsonaro fugiu do Brasil um dia antes do fim de seu governo para esperar um fato novo que provocasse a adesão das Forças Armadas ao golpe.