A alagoana Priscylla Crys Dias da Silva, conhecida como Piu Dias, foi premiada com o 3º lugar no Concurso Tâmaras 2024, promovido pelo Polo Cultural Educação e Arte, com o tema “Poesias para adiar o fim do mundo”. Priscylla foi a única representante nordestina entre os três primeiros lugares e a única finalista que utilizou a literatura de cordel na sua construção poética. Seu vídeo para o concurso já acumula mais de 5mil visualizações e 1,6mil curtidas.
“Eu sempre me vi como uma espécie de ‘militante cultural’. Em tudo o que faço, busco inserir a cultura. Faço coco de roda, toco maracatu, danço quadrilha… e agora decorei um boi-bumbá que tem aqui na escola para as crianças poderem usar no festival de talentos. Acredito que, como professora, é essencial trabalhar a cultura desde a base, pois é a partir dela que a cultura se perpetua. Além de ser uma maneira de manter viva e eternizar a cultura alagoana, que é tão rica”, afirmou Priscylla.
A paixão pelo cordel
Segundo Piu, sua relação com o cordel começou ainda na infância, quando ouvia sua avó declamar poesias. “Ela não dizia que estava lendo literatura de cordel, mas eu percebia as rimas. Ela criava ou pegava de alguém, nunca vou saber, mas sempre contava as histórias com essa rima que eu achava muito bacana. Foi naquele tempo que a paixão pelo cordel foi plantada no meu coração. Eu só não sabia que um dia seria capaz de escrever meus próprios versos”, contou.
A paixão, no entanto, ficou adormecida, e só foi reacendida durante a faculdade de Pedagogia, quando, em uma aula, uma professora trouxe o cordel de volta para a sua vida. “Ela deu aula do mesmo jeitinho que a minha avó falava”, lembrou Priscylla.
Foi a partir desse momento que Piu foi descobrindo sua facilidade para as rimas e começou a dar os primeiros passos na escrita da literatura de cordel. “Eu já fazia muita poesia, mas poesias diversas, sobre o que eu estava sentindo, e não com a métrica do cordel. A métrica do cordel é invocada, difícil, porque cada verso deve ter sete sílabas poéticas. Ou seja, você ainda tem que se apegar à contagem, à matemática gigantesca, mas na minha cabeça ela flui”.
Passado certo tempo, mais precisamente em 2019, Priscylla descobriu a Academia Alagoana de Cordel e encontrou no lugar um espaço para aprofundar seus conhecimentos e aprimorar suas habilidades. “Fiz uma oficina maravilhosa com eles e depois participei de um concurso de talentos que resultou em um livro, no qual consta um cordel meu. Foi lá, na Academia, que eu fui lapidada para me tornar a cordelista que sou hoje”, disse.
O cordel como ferramenta pedagógica
Tão presente em sua vida pessoal, o cordel também ganhou espaço em sua prática pedagógica. “Quando percebo que o conteúdo está difícil para as crianças, transformo-o em cordel. As rimas tornam o aprendizado mais fácil e divertido. Todo ano, faço uma oficina de cordel na escola, seja com minha turma ou com outras”.
Em novembro de 2023, Priscylla representou Alagoas em um evento sobre práticas pedagógicas promovido pelo Departamento Nacional do Sesc. O título do seu projeto foi “Literatura e manifestações artístico/culturais alagoanas: experiência com turma do 4º ano em projeto literário da Unidade de Educação SESC Jaraguá – Maceió/AL”.
“Trabalhar no Sesc tem sido uma experiência mágica, porque é uma escola que dá autonomia ao professor. A metodologia do Sesc coloca a criança como protagonista do aprendizado, e o professor tem a oportunidade de ‘sentir’ a turma e despertar o melhor de cada um”, comentou.
Após mais de dez anos dedicados ao cordel, Priscylla se orgulha de sua trajetória. “Olho para trás e vejo a diversidade que compõe minha produção. Comecei transcrevendo livros, transformando artigos científicos em versos rimados, mas logo minha inspiração me levou além. Fiz homenagens a amigos queridos, escrevi sobre o amor em suas muitas formas, celebrei a natureza e os valores humanos, e não me esquivei de tratar de temas políticos e sociais, sempre com o compromisso de manter viva a essência do cordel”.
Para quem quiser conferir, a poesia de Piu Dias para o concurso está disponível no canal do Polo Cultural no YouTube. E para aqueles que desejam prestigiar seu trabalho, podem encontrá-la no Instagram @piudiascordel.
Por Assessoria
