9 de dezembro de 2024 10:54 por Da Redação
Ao afirmar que o centro político “nunca foi direita nem esquerda”, o senador Ciro Nogueira busca um reposicionamento político, afastando a imagem de sua atuação no governo Bolsonaro, marcada por uma aliança explícita com a extrema-direita. Essa declaração, publicada em um artigo na Folha de S. Paulo, vem a calhar no momento em que assistimos ao naufrágio do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Estabelecer uma distância prudencial dos extremistas é a estratégia subliminar transmitida ao mundo político, especialmente, em um momento onde lideranças militares, civis e parlamentares — incluindo deputados e senadores — encontram-se sob investigação pela Polícia Federal.
O discurso de “nem direita, nem esquerda” pode ser interpretado como uma tentativa de suavizar a narrativa sobre seu papel em um governo amplamente criticado, enquanto prepara o terreno para as próximas eleições, buscando interlocução com outros setores do espectro político, especialmente com um eleitorado mais moderado.
Ciro Nogueira e Arthur Lira atuaram em estreita sintonia durante o governo Bolsonaro, implementando a controversa prática do orçamento secreto. Essa medida desvirtuou o princípio de que a execução do orçamento da União é prerrogativa do Poder Executivo. Ambos os políticos lideraram esse modelo questionável, que consistia em pulverizar bilhões de reais entre prefeitos e governadores, muitas vezes sem que os órgãos de controle tivessem conhecimento de como e onde os recursos públicos estavam sendo aplicados.
Os aliados do ex-presidente afirmam que Ciro Nogueira “nunca foi de direita”, “sempre foi Centrão” e “não faz parte do círculo próximo de Bolsonaro”. Para Nogueira, ser desvinculado do entorno imediato do ex-presidente é, neste momento, o melhor cenário possível, ajudando a preservar sua imagem e facilitar seu reposicionamento político.