Por Luís Humberto Carrijo, do Brasil de Fato
Não tem jeito, quando o assunto envolve bilhões de reais a menos no bolso da família Frias e de seus comparsas – o sistema financeiro -, a verdade e a honestidade são irrelevantes. Mais uma vez, a Folha de S. Paulo pratica mau jornalismo ao promover alarmismo infundado, sem base com a realidade, em editoriais, ponto de vista que se replica de maneira orquestrada em colunas, artigos e reportagens enviesadas.
Um dos mais recentes editoriais dos Frias emprega claramente táticas de alarmismo ao usar expressões como “colapso”, “desastres” e “efeitos devastadores”, sem apresentar evidências concretas que justifiquem tal catastrofismo. A comparação com o governo de Dilma Rousseff (PT) é uma simplificação tendenciosa que ignora contextos econômicos completamente diferentes.
A “teoria do almoço grátis” é apresentada como uma caricatura simplista da política econômica atual. O editorial comete a falácia do espantalho ao reduzir políticas econômicas complexas a slogans. Estabelece falsa dicotomia entre “gastança” e responsabilidade fiscal. O texto utiliza linguagem emotiva e alarmista para provocar medo, como: “cavalo de pau” na economia, “sangria” econômica e “estragos e prejuízos ainda mal contabilizados”.
Diz que a alta da Selic é um mal menor ao risco de uma hiperinflação, quando, na verdade, o país está bem longe de um cenário hiperinflacionário. O cenário atual é significativamente diferente do período de hiperinflação dos anos 1990, quando as taxas mensais chegavam a 56% em janeiro, 73% em fevereiro e 84% em março. Hoje existe mecanismos eficientes de controle inflacionários que funcionam com eficiência. A projeção atual indica uma inflação de 4,9% para 2024, acima da meta de 3%, mas ainda dentro de patamares controláveis.
O crescimento econômico está acima das expectativas desses mesmos players, com PIB projetado para este ano em 3,5%. Até o FMI, instrumento do neoliberalismo, reconheceu os avanços nas políticas econômicas brasileiras. As agências internacionais de rating elevaram a nota do Brasil de Ba2 para Ba1, a apenas um degrau do grau de investimento. Sem falar das políticas econômicas, aliadas a políticas públicas sociais, que reduziram a taxa de desemprego a 6,2% – a menor taxa de toda a série histórica da PNAD Contínua, iniciada em 2012 -, e tiraram milhões da linha da miséria e da fome, a despeito da sabotagem do Banco Central do bolsonarista Roberto Campo Neto, e do ataque especulativo dos agentes financeiros sobre o real.
O editorial falha em estabelecer conexões causais diretas entre estes dados e suas previsões apocalípticas. O texto projeta cenários de colapso da máquina pública sem apresentar modelagens econômicas ou dados que sustentem tais previsões, recorrendo apenas a retóricas alarmistas e comparações históricas inadequadas. O editorial insiste em uma narrativa de desastre iminente sem consistência argumentativa, de forma desconectada com os fatos verificáveis.
Os prognósticos alarmantes baseiam-se somente em expectativas de economistas, reconhecidamente vinculados ao mercado e que têm feito ao longo da primeira metade do governo Lula previsões que não passam de especulações de má-fé que não se concretizam. O editorial se revela mais como uma peça de opinião alarmista do que uma análise econômica séria, privilegiando o sensacionalismo sobre a análise técnica fundamentada.
*Luís Humberto Carrijo é jornalista e comunicador, com mestrado na Universidade Autônoma de Barcelona, fundador da agência Rapport Comunica, e administrador da conta no Instagram e Youtube @imprensa_sem_disfarce