terça-feira 7 de janeiro de 2025

Efeito Lula: Brasil é maior exportador mundial de algodão pela 1ª vez na história e ultrapassa EUA

Projetos do governo miram em cadeias sustentáveis e inovação

6 de janeiro de 2025 10:47 por Da Redação

Foto: pixabay

Por Anne Silva, da Revista Fórum

Em 2022, de acordo com relatório setorial do Banco do Nordeste, o Brasil era o quarto maior produtor e o segundo maior exportador mundial de algodão, com uma produção de cerca de 2,97 toneladas entre 2022 e 2023.

No período anterior, entre 2020 e 2021, a produção ficara em torno de 2,787 milhões de toneladas, com produção concentrada sobretudo nos estados de Mato Grosso e Bahia — a região Centro-Oeste corresponde a até 91% de toda a produção de algodão brasileiro.

Agora, os dados para o período de 2023 e 2024 posicionam o Brasil no primeiro lugar mundial em exportação dessa cultura: em movimento histórico, o país se torna, pela primeira vez, o maior exportador de algodão do mundo, à frente dos EUA, que ocupavam essa posição desde 1994.

Em termos de cultivo, o Brasil ocupa o terceiro lugar mundial (com cerca de 17 milhões de toneladas), atrás apenas da China (com 28 milhões/toneladas) e da Índia (com 25 milhões/toneladas).

Os EUA passam à quarta posição em produção, com 14 milhões de toneladas, de acordo com dados do Departamento de Agricultura norte-americano (USDA, na sigla em inglês).

O cultivo de algodão tem um ciclo facilitado, que tende a ser mais curto, em regiões próximas à linha do Equador (que é de até 150 dias, nos ciclos precoces, e pode ser de 160 e 180 dias nos ciclos médios normais), segundo a Empraba.

Investimento, cooperação internacional e produção sustentável

O Brasil tem investido, nas últimas décadas, em projetos de produção integrada e sustentável das cadeias do algodão. Segundo a Agência Gov, o programa +ALgodão, criado para favorecer a cooperação internacional (sobretudo entre América Latina, Caribe e África), liderado pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC) do Itamaraty em conjunto à FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) e à Empraba, existe desde 2002, alavancado pelo movimento do Brasil na OMC (Organização Mundial do Comércio) em combate aos subsídios oferecidos pelos EUA ao seu próprio mercado algodoeiro.

A contestação do Brasil frente à OMC foi bem-sucedida, no início dos anos 2000, e garantiu, à época, um pagamento compensatório de US$ 300 milhões por parte dos EUA, dos quais 10% foram destinados ao projeto de cooperação internacional no cultivo de algodão.

A ascensão do país ao top 1 mundial na exportação do algodão se deveu, além dos incentivos e investimentos em cooperação internacional, pesquisa e inovação, ao aumento na demanda de importadores-chave, como Paquistão, Bangladesh e Vietnã, que retomaram seu acesso ao crédito, além do crescimento no comércio com China e Turquia.

As aberturas de mercado para o algodão brasileiro já totalizam 150 desde 2023, afirma a Agência Brasil, e consolidam a posição de destaque no mercado externo.

A presença de cultivo de agricultura familiar integrada a outras culturas, como milho, arroz e sorgo, contribuem, ademais, para uma produção de caráter mais sustentável, além de volumosa. A segurança alimentar é um dos focos do programa +ALgodão, que deve atender aos objetivos de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas (erradicação da pobreza, metas climáticas, gestão da água e redução de desigualdades de gênero).

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