quarta-feira 15 de janeiro de 2025

Maceió e as mudanças climáticas: estamos preparados?

A poluição, em suas diversas formas, face a uma série de características históricas, ambientais, políticas e outras, tende a se agravar em nossa capital

15 de janeiro de 2025 3:03 por Da Redação

Foto: Divulgação

Por Ricardo Ramalho*

As mudanças climáticas permeiam a maior abrangência das temáticas ambientais da atualidade. É a partir desse quadro, cada vez, mais presente em nosso cotidiano, que devem refletir políticas públicas e ações para esse enfrentamento.

As enchentes e os deslizamentos, sem dúvidas, são os mais importantes efeitos dessa modificação do clima. A conformação geográfica da cidade, a ocupação desordenada de margens dos corpos d’água e encostas se constituem em fatores que favorecem esses transtornos climáticos e ameaçam a vida de nossos habitantes.

O aumento da temperatura e o desconforto térmico são consequências climáticas inevitáveis, nas previsões meteorológicas e Maceió está despreparada para essa situação que se inicia.

O avanço do mar e a erosão das praias, especialmente, para uma cidade de forte apelo turístico, esse fenômeno climático em nosso litoral, representa um problema de grande repercussão sócio ambiental para governo e sociedade.

A poluição, em suas diversas formas, face a uma série de características históricas, ambientais, políticas e outras, tende a se agravar em nossa capital; o lançamento de efluentes líquidos in natura, sobremaneira, nas nossas praias e lagoas se destaca; a poluição sonora, atmosférica e visual, passam a serem fatores relevantes quando associadas aos aspectos de ocupação do espaço e mobilidade urbana, causando perturbações no convívio social.

Entender o Plano Diretor como balizador de uma cidade sustentável, com um olhar para o bem viver de sua população, obedecendo seus princípios e normas e mantendo suas necessárias atualizações é um primado civilizatório indispensável. Para tanto, pode se guiar por conceitos universalmente aceitos que minorem as consequências do clima, em convulsão.

A permeabilização da cidade se contrapondo à cultura de impermeabilização dominante, com políticas públicas e medidas de ecoexemplaridade do Poder Público e da sociedade, utilizando tecnologias e metodologias que visem uma maior infiltração das águas e consequente filtragem natural, diminuindo a velocidade e volume das cargas hídricas das chuvas, a exemplo do uso de pisos intertravados, calçadas verdes, aumento das áreas verdes, públicas e privadas e diversas medidas adotadas em metrópoles de todo mundo.

O IPTU Verde e ICMS Verde adotados como políticas públicas determinantes na desconstrução da impermeabilização e outros benefícios socioambientais, com critérios no IPTU para estimular a manutenção de áreas verdes, com amplos benefícios ambientais e tributários; dotar a cidade de atributos ambientais que permitam aproveitar os recursos instituídos no ICMS Verde do Estado.

As Unidades Municipais de Conservação existentes devem ser incentivadas e estabelecidos mecanismos públicos de apoio a criação de novas unidades, nas categorias apropriadas às características locais

A arborização se constitui em fator que se contrapõe, de uma forma geral, a maioria das questões apresentadas. A cidade se ressente de uma política que valorize as árvores e seu, ainda, relevante patrimônio arbóreo, ignorando o papel essencial, em sua qualidade ambiental.

As praias de Maceió são os mais valiosos ativos ambientais para seus habitantes e setor turístico. Manter as praias balneáveis deve ser uma meta permanente do Poder Público, sob a vigilância e colaboração da população.  

Com uma área rural significativa que alcança cerca de 45% da área municipal,  Maceió, deve ser enxergada em suas diversas dimensões e potencialidades. A Agricultura Urbana e Periurbana pode contribuir na diminuição da insegurança alimentar e nutricional, gerar trabalho e renda, combater a poluição e muitas outras vantagens sócio ambientais.

Para implementação das ações elencadas, é imprescindível o emprego de metodologias alavancadoras, que, sobremodo, entusiasmem a sociedade maceioense a ser parceira dessa forma sustentável de se preparar para conviver com os fenômenos climáticos dos próximos tempos.

As campanhas educativas maçais, preparam e estimulam a população a participar de ações plurais, de temas que, de um modo geral, envolvem todos os segmentos sociais. São exemplos a coleta seletiva de lixo, a arborização, os circuitos curtos comercialização, a economia solidária etc.

Os concursos públicos de boas práticas que premiam os participantes, em ações de cunho cultural, relacionadas ao meio ambiente, como fotografias, poesias, músicas, são instrumentos valorosos de educação ambiental; realçam que o poder público não, apenas, fiscaliza e pune, mas reconhece o esforço social, por um meio ambiente harmonioso.

A ecoexemplaridade é o conceito que exprime o Poder Público, em suas diversas esferas, como instrumento de educação e prática ambiental para a cidadania. Pequenas ações adotadas em seus órgãos, induzem e ampliam a replicação pelos residentes. O primeiro patamar de aplicação desses direcionamentos ambientais deve ser no âmbito público. Inclui-se nesse comportamento de coerência entre o dizer e o fazer, a promoção integrativa com os órgãos públicos, para o cumprimento da legislação e da educação ambiental.

 Maceió, novembro de 2024

*Engenheiro Agrônomo e diretor do Instituto Terraviva

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