23 de novembro de 2020 4:26 por Da Redação
A subnotificação dos casos de violência sexual chega a 30% em Alagoas, segundo números do Ministério da Saúde (MS). A falta de apoio de amigos e familiares, a vergonha da sociedade e o medo do agressor estão entre as principais causas para as vítimas não fazerem a denúncia, de acordo com levantamento da Rede de Atenção às Vítimas de Violência Sexual de Alagoas (Ravvs/AL).
Lançado hoje (23) pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), em parceria com o Cesmac, durante evento no Centro Cultural e de Exposições Ruth Cardoso, no bairro de Jaraguá, em Maceió, o aplicativo Fique Bem vai permitir que as vítimas denunciem os agressores sem precisarem sair de casa e se exporem. Inicialmente, ele está disponível apenas na versão para Android, mas já existe um trabalho para que funcione no iOs.
Dados do Ravvs/AL, órgão vinculado à Sesau que funciona no Hospital da Mulher mostram que dos 561 casos de abuso sexual denunciados no período de janeiro a outubro deste ano, 421 foram relacionados a adolescentes, o que corresponde a 81% de todas as notificações. O percentual considerado alarmante e, segundo a coordenadora da Ravvs, psicóloga Camille Wanderley, deve ser ainda maior, principalmente neste período de pandemia, onde as pessoas ficaram em isolamento social.
“Por esta razão, o app Fica Bem vai ajudar a quebrar a corrente de medo que afeta as vítimas de violência sexual em Alagoas. Percebemos que grande parte das denúncias feitas pelas crianças e adolescentes, em especial, ocorre graças ao apoio das escolas, mas, em razão da pandemia, quando o contato com os professores foi suspenso, essas vítimas perderam a referência e, por isso, o aplicativo vem suprir também essa lacuna. Para isso, o dispositivo proporciona, inclusive, pedir socorro, bastando apenas acionar um botão, que é interligado com a Secretaria de Estado da Segurança Pública”, salientou.