25 de novembro de 2020 1:26 por Da Redação
Um jovem negro de 19 anos, que denuncia ter sofrido injúria racial e tortura em supermercado localizado na parte alta de Maceió, foi recebido hoje (25) pela Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Alagoas (OAB/AL). Acompanhado pelo advogado, ele relatou agressões físicas e psicológicas que teriam ocorrido no último dia 21.
Segundo o rapaz, que teve a identidade preservada, após ser acusado de furtar um aparelho celular, ele teria sido levado para uma sala por seguranças e, no local, sofreu tortura. “Cheguei no supermercado e quando toquei no celular já fui abordado e levado para essa sala. Eles (seguranças) fizeram acusações. Disseram que eu havia furtado um celular dias antes, que fui reconhecido, que tinha imagens. Quando mostraram as imagens, eu disse que não era eu. Eles me mantiveram lá por 3 horas, sob tortura”, relatou.
As Comissões de Direitos Humanos e de Promoção da Igualdade Social da OAB acompanham o caso na esfera criminal e planejará ações conjuntas com o objetivo de contribuir para que ocorrências do tipo não voltem a se repetir. O Ministério Público será acionado.
O presidente da Comissão da Promoção da Igualdade Social da OAB/AL, Alberto Jorge, lamentou o grande número de agressões à população negra de Alagoas. “Não foi o primeiro e, infelizmente, não será o último caso. Recebemos denúncias que nos chocam, de negros e negras, que chegam aqui agredidos fisicamente, mas também completamente debilitados em seu psicológico. Neste caso, pela gravidade dos relatos apresentados, várias violências são constatadas”, afirmou.
Segundo ele, no caso deste jovem, houve acusação de furto sem o que a legitimasse. Além disso, se for comprovado, há o agravante de a vítima ter sido levada para uma sala e mantida lá por 3 horas. “Ora, se você tem uma acusação criminal e base para isso, detém e aciona a polícia. Por que manter por 3 horas, em um ambiente isolado, fazendo acusações, torturando? Não foi apenas lesão corporal, não é apenas injúria, não é apenas falsa acusação de crime, vai além. Vamos acompanhar o caso e os desdobramentos das investigações e vamos também ampliar o debate para mudar o cenário de violência contra vidas negras”, ressaltou.