PÁROCOS VIÇOSENSES EM ANADIA I: ELÓI BRANDÃO

19 de janeiro de 2021 12:38 por Redação

Viçosa viveu seu apogeu econômico e cultural na 1ª metade do séc. XX. Com expoentes nas diversas áreas, a Atenas Alagoana despontou também como um celeiro de sacerdotes da Igreja Católica, dando ao Brasil o primeiro e único Cardeal nascido no estado, Dom Avelar Brandão Vilela, e o Senador da República Mons. Cícero Teixeira de Vasconcelos. Das inúmeras sementes que a Princesa das Matas lançou, três delas germinaram nos Campos do Arrozal de Inhauns: a histórica Anadia.

Foi no antigo sobrado construído em meados 1850 por Pedro José da Cruz Brandão, seu avô, localizado na Praça Apolinário Rebelo, na então Vila de Assembleia, que veio ao mundo Elói, em 28 de novembro de 1879.

Elói de Barros Loureiro Brandão era filho do Cel. Teotônio Torquato Brandão e D. Francisca de Barros Loureiro Brandão. Seu batismo ocorreu no mesmo ano: “aos dezoito de novembro de mil oitocentos e setenta e nove, nesta Matriz do Senhor Bom Jesus da Villa d’Assembleia, baptisei solenemente ao párvulo Eloy, tendo trinta dias, filho legítimo de Theotonio Torquato Brandão e Francisca de Barros Brandão, foram padrinhos Antonio Luitgard de Moura e Anna Amélia Brandão. O Vig. Francisco Manoel da Silva.”

Sua infância foi no engenho Barro Branco, de propriedade de seu pai, onde iniciou os estudos primários. Em 1895 matriculou-se no curso de preparatórios em Maceió, no Colégio do Professor Adriano Jorge, tendo estudado também pelo Colégio Diocesano de Olinda, onde concluiu o curso de Humanidades no ano seguinte. Em 29.06.1901 recebeu o subdiaconato, tornando-se diácono em 21 de dezembro do mesmo ano e transferindo-se para Alagoas, colando grau em Teologia no ano de 1902.

Padre Elói foi ordenado presbítero na Catedral de Maceió em 01.12.1902 pelo familiar e Bispo Dom Antonio Brandão. Como sacerdote regeu a Paróquia de Quebrangulo (onde enfrentou os desmandos dos coronéis), foi Lente e Diretor Espiritual do Seminário de Alagoas e Capelão das Igrejas do Rosário e Livramento, em Maceió. Em sua inclinação pelas letras, foi sócio efetivo e secretário do IHGAL, deixando vários escritos que foram reunidos por seu irmão Dr. Alfredo Brandão sob o título de “Ao Entoar dos Psalmos” (1912).

Com a saúde abalada devido a um sério problema gástrico e o acúmulo de muitas funções que lhe exigiam demasiado esforço, se fez necessário um repouso inadiável. Homem ativo, Elói não quis largar todas as atividades, optando por uma redução, surgindo a possibilidade de assumir novamente uma paróquia no interior do estado. Apesar da oposição dos familiares que estavam preocupados com sua saúde, o jovem pároco é indicado para exercer a missão em Anadia. O clima salutar da paróquia foi fundamental para que Padre Elói fosse nomeado para aquela localidade, sendo investido como Vigário em maio de 1901. Curiosamente, naquela oportunidade retornava a terra natal de seu bisavô materno, o alferes Manuel José da Silva Loureiro, que viera da antiga Vila em 1830 para Viçosa fugindo da Revolta do Mata Marinheiro.

Lamentavelmente, devido ao elevado grau de fragilidade de sua saúde, Padre Elói exerceu a missão por curto período, até 29.09.1911, quando faleceu prematuramente aos 32 anos de idade, vitimado de uma infecção intestinal. Seu corpo foi transportado para Viçosa por grande quantidade de familiares, parentes e amigos, estando sepultado na Igreja Matriz do Senhor Bom Jesus do Bomfim. Infelizmente, a breve passagem por Anadia não foi suficiente para que o padre pudesse concretizar seu trabalho religioso. Anos após a sua partida, a municipalidade de Viçosa prestou-lhe homenagem batizando uma via central da cidade com seu nome.

Júlio Caio Vasconcelos é advogado, mestrando e pesquisador

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