7 de abril de 2021 4:30 por Thania Valença
Mesmo a empresa indenizando os moradores pela perda de seus imóveis, a situação dos bairros de Maceió atingidos pelas conseqüências da exploração de sal-gema continua indefinida. O desastre ambiental provocado pela mineradora Braskem é um problema que exige a atenção dos poderes públicos, especialmente da prefeitura e do governo, pois representa severo prejuízo ao Estado e ao município.
Ao trazer o assunto para discussão na sessão da Assembleia Legislativa Estadual desta quarta-feira, 7, o deputado Inácio Loiola (PDT) cobrou a solução do problema. Para ele, o desastre provocado pela Braskem não pode ser esquecido, mesmo com a grave crise sanitária provocada pela pandemia do Covid-19.
Em aparte, o deputado Ronaldo Medeiros (MDB) informou que está colhendo assinaturas para criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) destinada a apurar os problemas causados pela mineração da Braskem no Pinheiro e demais bairros afetados. “Esta Casa pode contribuir e ajudar muito as pessoas que estão passando por situações difíceis”, justificou Medeiros.
“Muitas indagações, muito alarde, problemas parcialmente resolvidos, no entanto, o dano causado pela exploração do sal-gema, no subsolo de Maceió, pela Braskem continua desconhecido e provocando inúmeros questionamentos”, afirmou o deputado Inácio Loiola, ao reacender, no Legislativo alagoano, o debate sobre a tragédia sócio-ambiental provocada pela multinacional Braskem.
Segundo o parlamentar, depois da pandemia, esse será o maior problema enfrentado pelos alagoanos.
O deputado observou que, passados três anos dos primeiros sinais de afundamento de casas, estabelecimentos comerciais e ruas, os moradores e empresários da região atingida pela mineração não sabem como serão indenizados pela perda de seus imóveis e negócios. “Pelo que estamos sendo informados, as indenizações não acompanham a velocidade de preços nos demais bairros de Maceió, cujo valor disparou motivado pela alta demanda, face às fissuras e afundamento do solo no bairro do Pinheiro e adjacências”, disse Inácio Loiola.
Ainda de acordo com o parlamentar, se a situação para os moradores já é muito complicada, para os empresários o problema é ainda maior. “A maioria (dos empresários) recebeu apenas R$ 10 mil como compensação e não conseguiu reabrir e restabelecer seu negócio. O que dizer de milhares de empregos dizimados, sem contar os que viviam da economia informal daquela região?”, questiona o parlamentar.
Ele afirmou ainda que os moradores estão temerosos e angustiados com a desvalorização de seus patrimônios, após informação dando conta de que as seguradoras se recusam a fazer apólices dos imóveis financiados pela Caixa Econômica Federal nessa região, por falta de área de segurança. “Aí surge a grande indagação: será que as seguradoras sabem algo que a população de Maceió desconhece?”, indagou o parlamentar, demonstrando preocupação com os prejuízos resultantes da falta de informações, e com os impactos econômicos e sociais negativos, sobretudo na parte alta da capital.
Em aparte, o deputado Davi Maia destacou a gravidade do problema e assegurou que a Prefeitura de Maceió tem “trabalhado incansavelmente” para tentar resolver o problema. Porém, cobrou a responsabilidade do governo do Estado. “Interessante como o nosso governador não sabe que os bairros atingidos são em Alagoas. Não se vê nenhum comentário da parte dele. É um absurdo que até hoje o Instituto do Meio Ambiente (IMA) não possui um geólogo para analisar as licenças ambientais que foram assinadas para a Braskem e que foram renovadas”, criticou.
Ao se manifestar, o deputado Francisco Tenório (PMN) disse que o desastre ambiental e geológico que atinge o Pinheiro já não é mais um problema exclusivo dos bairros atingidos, mas de toda Maceió. “Porque não se sabe o tamanho desse buraco ou o diâmetro que ele pode alcançar. É um problema que envolve os três Poderes: municipal, estadual e federal. O subsolo, a exploração do gás e do sa-lgema são de responsabilidade do governo federal; as licenças ambientais são de responsabilidade do Estado; a concessão de uso e a questão ambiental são de responsabilidade do município”, justificou o parlamentar.
Com Assessoria ALE