O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2021 teve o menor número de inscritos desde 2007, quando 3,57 milhões de participantes se inscreveram. Este ano, são 4.004.764 candidatos a uma vaga no ensino superior, segundo informou nessa quinta-feira (15) o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
O número final de candidatos habilitados a realizarem o exame pode cair, porque a inscrição somente é confirmada depois do pagamento da taxa de inscrição, de R$ 85, que pode ser feito até segunda-feira (19).
A quantidade de inscritos em 2021 também é 34% menor do que em 2020, quando 6,1 milhões de pessoas se inscreveram no exame e 5,8 milhões confirmaram a inscrição. Mais de 50% dos inscritos confirmados não fizeram a prova.
Ouvido pelo portal G1, o diretor-executivo da organização Todos Pela Educação, Olavo Nogueira Filho, disse que o baixo número de inscritos no Enem tem diversos motivos, como o fechamento das escolas durante a pandemia.
“Acho que é reflexo fundamentalmente de duas questões: a primeira é a perda do vínculo com a educação e com os próprios estudos em função de um ensino remoto de baixíssima efetividade e com alcance limitado”, apontou.
Nogueira Filho disse ainda que outro fator são as regras para obter isenção da taxa de inscrição – que preveem que, se um aluno que pede a isenção da taxa não comparece ao exame, ele não tem direito a recebê-la no ano seguinte.
Por causa da pandemia, entretanto, mais da metade dos participantes não compareceu às provas de 2020. Para conceder novamente o benefício da isenção aos alunos que faltaram no ano passado, o Ministério da Educação (MEC) aceitava motivos como morte na família ou problemas de saúde – mas não o medo de contágio pela Covid-19.
Ou seja: quem deixou de fazer a prova porque não queria se expor a aglomerações perdeu o direito à isenção nesta edição.
O especialista diz que a inação do governo federal contribuiu para o cenário. “Nós estamos diante de um Enem que prejudicará os mais pobres – em função da pandemia, do ensino remoto [que]foi menos efetivo para os jovens mais pobres de maneira mais forte”, afirma.
*Com G1