2 de dezembro de 2021 1:18 por Da Redação
Lideranças religiosas dos cinco bairros de Maceió atingidos pelo afundamento do solo causado pela Braskem confirmam para esta sexta-feira (3) o “Ato de Luto e Luta” em frente à planta da Braskem no Pontal da Barra, na capital.
O chamado protesto inter-religioso inicia com concentração às 6h30, na Igreja Batista do Trapiche, e sairá em cortejo até a indústria de cloro-soda, chamando atenção para a catástrofe que acomete mais de 70 mil pessoas em Maceió, defendendo um programa de reivindicações para as vítimas da mineradora.
A mobilização deve durar cerca de 12 horas e já conta com aderência de oito entidades políticas. Na ocasião, haverá mais de quinze apresentações culturais. “O aspecto mais relevante dessa mobilização é concentrar a indignação de tantos e tão importantes representantes da sociedade civil num só grito: fora, Braskem! Independentemente do estágio em que as pessoas estejam no processo indenizatório”, afirmou o Wellington Santos, da Igreja Batista do Pinheiro.
Segundo ele, o levante das comunidades religiosas não poderia deixar de acontecer. “Como lidamos com um capital simbólico poderoso, que é a fé, jamais aceitaremos a injustiça, a morte e a trama dos poderosos contra o povo”, destacou.
O babalorixá Célio Rodrigues, outro organizador do protesto, declara que o crime da Braskem fez com que as pessoas perdessem, além de tudo, seus espaços religiosos. “Esse também é um crime contra a fé (…) e precisamos deixar o poder público e toda a sociedade em estado de alerta”, explica.
São muitas e variadas as lideranças religiosas envolvidas na convocação do ato deste dia 3 de dezembro. Desde organizações católicas, como a Cáritas da Arquidiocese de Maceió e a Paróquia Santo Antônio de Pádua, de Bebedouro, a grupos de religiões de matriz africana dos bairros afetados, mas também do Benedito Bentes e até do litoral norte da capital. O ato tem o apoio, ainda de associações de moradores e empreendedores das regiões atingidas, além de movimentos sociais.
O programa de reivindicações do ato
- A Braskem deve apresentar laudo de avaliação de imóveis, de acordo com as normas técnicas, para justificar suas propostas de valores sobre os imóveis;
- Os danos morais devem ser calculados por indivíduo e não por imóvel;
- Devem ser estabelecidos critérios objetivos, declarados às vítimas, quanto aos demais aspectos das indenizações devidas, como dano moral, lucros cessantes, fundo de comércio e outros, sendo esses critérios discutidos com os representantes das vítimas e firmados perante as instituições;
- Devem ser instituídos comitês/comissões de conciliação, com a participação paritária dos moradores (ou empreendedores), da Braskem e de um membro do poder público, para facilitar a busca do entendimento e do acordo justo;
- Devem ser imediatamente realocados os moradores e empreendedores das áreas mutiladas que não têm mais condições dignas de permanência, em Flexal de Baixo, Flexal de Cima, Quebradas, Rua Marquês de Abrantes e Vila Saem (especialmente os da Rua Santa Luzia);
- Devem ser imediatamente indenizadas as vítimas das áreas do entorno das regiões de risco geológico direto e da zona de risco socioeconômico, devido à desvalorização de seus imóveis ou à inviabilização de seus negócios.