11 de janeiro de 2022 9:47 por Da Redação
Enquanto se especula sobre nomes de políticos que se propõem a disputar a eleição para o cargo de governador do Estado, as principais lideranças políticas de Alagoas seguem sem declarar apoio a qualquer dos supostos postulantes à sucessão de Renan Filho (MDB).
Nesta eleição, o processo sucessório estadual se transformou num complicado xadrez eleitoral onde, enquanto os peões se movimentam de um lado para outro, os reis permanecem quietos, com movimentos quase inalterados.
Nesse xadrez, o deputado federal Arthur Lira (Progressistas) é uma das peças mais fortes. Nunca, desde o início de sua carreira política, em 1993, quando se elegeu vereador de Maceió pelo então existente Partido da Frente Liberal (PFL), Arthur esteve com tanto poder político. Do alto dos seus 53 anos de vida, se elegeu presidente da Câmara dos Deputados com o apoio de 11 partidos (PSL, PP, PSD, PL, Republicanos, Podemos, PTB, Patriota, PSC, Pros e Avante), cargo que ocupará até o final deste ano.
Provavelmente candidato ao quarto mandato de deputado federal, Arthur Lira trabalha para consolidar um bloco de poder ainda mais forte. Para isso, terá que analisar bem o cenário em Alagoas e no Brasil.
Dor de cabeça
Por aqui, administra o conforto de ter como aliado o deputado Marcelo Vítor (Solidariedade), que será o governador-tampão caso o governador Renan Filho decida se afastar para disputar a vaga de senador da República. Dessa forma, a máquina pública ficaria nas mãos de seu grupo. Uma dor de cabeça para o grupo do governador e de seu pai, senador Renan Calheiros (MDB).
Estremecidos desde a eleição de 2014, quando o ex-senador Benedito de Lira, pai de Arthur, perdeu a disputa pelo governo alagoano para Renan Filho, os dois grupos têm dificuldades para se entender. Contexto que se agravou em 2018, quando Benedito não se reelegeu, perdendo para Rodrigo Cunha. O pai do governador, por sua vez, garantiu naquela eleição mais 8 anos no Senado, e saiu atirando, o que deixou Arthur Lira bem irritado, a ponto de chamar o senador Renan de “traidor”.
Do alto do imenso poder que desfruta hoje, o deputado Arthur Lira não revela sua estratégia. Prefere cuidar da liberação de emendas do orçamento, seu principal instrumento político.
Não será surpresa se os Calheiros se aproximarem de Arthur e seu pai. Como se sabe, em política, até hoje, só não se viu boi voar.
Afinal, além do risco de perder poder em Alagoas, os Renans sabem que enfrentam a ira do presidente Jair Bolsonaro, que não medirá esforços para prejudicá-los. Nem que para isso tenha que dar mais poder ao presidente da Câmara Federal, que pode lhes tomar o governo de Alagoas sem sequer ser candidato.