11 de janeiro de 2022 1:42 por Da Redação
O historiador alagoano Dirceu Lindoso, falecido em outubro de 2019, escreveu, em seu livro Interpretação da Província: Estudo da Cultura Alagoana, que “Alagoas é o que se ama e dói”. Na obra, ele também descreveu “a moderna Maceió entre enseadas e lagoas, com visos para o mar, marcando ao longo do tempo o ponto mais alto da nossa civilização provincial”. Essa obra deveria ser lida pelos que fazem a Cultura em Maceió e pelos políticos em geral.
Talvez, eles criariam a consciência de que as belas praias e as não tão bem cuidadas praças da capital alagoana poderiam abrigar estátuas de mais de uma centena de ilustres alagoanos merecedores de homenagens em logradouros públicos. Entre eles, Pontes de Miranda, Aldemar Paiva, Jorge de Lima, Jorge Cooper, Arthur Ramos, Jararaca, Maestro Fon Fon, Heckel Tavares e tantos outros nomes.
No entanto, é uma cadeira gigante, na orla da Ponta Verde, que simboliza esse momento em que vivemos na “sociedade do espetáculo”. Nas redes sociais, o “monumento” tem gerado milhares de curtidas. Porém, isso que os turistas estão curtindo não é uma obra de arte que se identifica com a cultura alagoana. Essa cadeira é uma aberração, além de ser de gosto duvidoso. Ao final da temporada de verão, esse aleijão vai ficar no meio de uma avenida como um monumento à ignorância.
Viralização é passageira
A frivolidade irá passar. Usando a linguagem da internet, a “viralização” é apenas um instante onde os algoritmos registram likes, desmedidamente. Mas, esse tipo de propaganda é efêmero, não sedimenta os valores que fazem parte da cultura alagoana.
A prefeitura tem a obrigação de salvaguardar o patrimônio cultural do seu povo e isso não é uma simples frase de efeito. As estátuas dos alagoanos ilustres que estão na orla marítima de Maceió são a verdadeira representação simbólica da nossa cultura.
Expressões alagoanas
A escultura do Leão feita por André da Marinheira, filho do Manoel da Marinheira que está no Pontal da Barra; o Boi Bumbá do João das Alagoas, instalada na enseada de Jaraguá; a Sereia do Mestre Zezinho, na orla da Pajuçara; e a escultura do Beijo, da Mestre Irineia Nunes, na Lagoa da Anta, em Jatiúca, são o que de melhor pode expressar a arte alagoana. Todos esses artistas são reconhecidos nacional e internacionalmente.
As esculturas dos escritores, como a de Graciliano Ramos, é uma homenagem tardia prestada pela Prefeitura de Maceió, mas, para surpresa dos que passam pela orla de Pajuçara, encontrarão o “Velho Graça” emparedado. No entorno da escultura do escritor foi armada uma parafernália que, na linguagem da internet, “cancelou” Graciliano Ramos.
Aurélio Buarque de Holanda está sentado num banco da orla de Ponta Verde, à disposição dos alagoanos e dos turistas para ser fotografado. Paulo Gracindo, na orla de Pajuçara, também se mantém disponível para fotografia.
O busto do Menestrel da Alagoas, Teotônio Vilela, está ao lado da estátua do poeta Lêdo Ivo. Os dois, que eram membros da Academia Alagoana de Letras (AAL), têm sofrido horrores com mais um emparedamento, depois que foram construídos pela prefeitura sanitários entre os dois intelectuais. Essa situação malcheirosa é um acinte. Já a psiquiatra Nise da Silveira, com seu gatinho, está tranquila na entrada do Corredor Vera Arruda.
2 Comentários
Escultura de Bronze so terá valor cultural quando alguém fizer uma enquete no bairro oposto a ela e perguntar aos moradores “quem foi Nise da Silveira ?” ex: na Levada, Trapiche, Vergel e Tabuleiros.
Por enquanto o foco é meu bloco na rua.
Alagoas é useira e veseira na máscara
Outro dia eu comentei em um programa de rádio aqui de Maceió, que o fundador e criador do nome do bairro JATIUCA foi Teho Brandão. Em frente ao Sítio Jatiuca aonde é hoje o condomínio Jatiúca Trade Residence JTR , deveria ter uma escultura de Bronze. Daí Os guias turísticos, alunos de escolas publicas e privados irão falar a história do bairro e seu fundador. é só ler o livro da Jornalista Vanessa Omena “Sitio Jatiuca Uma inspiração poética” vai entender o que estou falando