sábado 21 de setembro de 2024

Associação cobra suspeição de desembargador do TRF3 que parabenizou Geisel em carta

Luis Antonio Johonsom Di Salvo, magistrado do Tribunal Regional Federal da 3.ª Região que derrubou indenizações a vítimas do regime militar, elogiou general por 'investidura na chefia da nação'

28 de março de 2022 11:46 por Da Redação

Em carta, Luis Antonio Johonsom Di Salvo parabenizou Ernesto Geisel por ‘investidura na chefia da nação’ | Reprodução

O blog do jornalista Fausto Macedo, do Estadão, trouxe na sexta-feira (25) a informação de que a associação Heinrich Plagge, que reúne trabalhadores da Volkswagen perseguidos na ditadura (1964-1985), iniciou pressão para que o desembargador Luis Antonio Johonsom Di Salvo, do Tribunal Regional Federal da 3.ª Região (TRF3), com jurisdição em São Paulo e Mato Grosso do Sul, se declare suspeito ou impedido para julgar processos sobre violações de direitos humanos no regime militar.

O texto é escrito em parceria com a jornalista Rayssa Mota. A mobilização começou depois que o desembargador derrubou, pelo menos, três indenizações a vítimas e familiares de presos políticos. A associação, então, decidiu encabeçar uma pesquisa nos arquivos sobre a ditadura e encontrou uma carta enviada por ele ao então presidente Ernesto Geisel (1974-1979).

“O documento é datado de 27 de março de 1974 e parabeniza o general pela ‘investidura na chefia da nação’. Também externa ‘solidariedade e sincera confiança’. Ainda celebra o ‘décimo aniversário da Revolução de Março de 1964’”, revela a reportagem.

“É nítido o apoio às práticas da ditadura militar à época. Nossa associação e companheiros de luta repudiam veementemente tal conduta, especialmente quando um órgão como o Poder Judiciário, que deveria ser imparcial e isento no julgamento de tais causas, é contaminado por posições políticas e ideológicas em seus votos”, afirma em nota.

Associação contesta atuação do desembargador em processos de vítimas da ditadura | Divulgação/TRF3

Di Salvo foi responsável, por exemplo, pela decisão que atribuiu ‘condutas criminosas’ ao ferramenteiro Antonio Torini, ex-funcionário da Volkswagen torturado durante 49 dias no Departamento de Ordem Pública e Social (DOPS) de São Paulo. O magistrado afirmou que o militante de esquerda estava associado a movimentos e partidos empenhados em ‘subverter o regime vigente’. Também disse que a prisão de Torini foi consequência ‘de seus atos que tendiam à implantação de uma ditadura comunista no Brasil’.

Antes disso, o desembargador já havia anulado a sentença que previa reparação ao ex-dirigente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, Claudio Rosa, que foi preso durante a ditadura militar por ‘incitação à greve’ e passou quatro dias incomunicável no DOPS. O argumento foi o de que não houve ‘ato de sevícia ou maus tratos’ por parte do Estado.

Com a cópia da carta de Di Salvo em mãos, a associação Heinrich Plagge planeja acionar o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e outros órgãos de controle e investigação para afastar o magistrado de casos semelhantes.

A associação participou das negociações para assinatura do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado pela Volkswagen com o Ministério Público de São Paulo para garantir a reparação judicial pelo apoio da montadora ao regime militar.

Desembargador silencia

Procurado pela reportagem, o desembargador Luis Antonio Johonsom Di Salvo informou que ‘embora respeite a imprensa e saiba de sua importância, entende que não cabe ao juiz dar entrevistas, apenas falar nos autos’. Também afirmou, através da assessoria do TRF-3, que ‘não tem conhecimento, até a data presente, de qualquer petição ou requerimento devidamente formalizado pela associação’.

*Com Estadão

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