15 de abril de 2022 12:14 por Da Redação
Cerca de duas mil pessoas participaram, na manhã desta quinta-feira (14), em São Paulo, da cerimônia em que sindicalistas da CUT e demais centrais entregaram a Pauta da Classe Trabalhadora para o ex-presidente Lula. Ao receber o documento elaborado por todas as centrais, com propostas focadas na geração de empregos, direitos, democracia e a defesa da vida, o petista elogiou a construção da pauta e disse ter ficado orgulhoso do conteúdo e da preocupação dos sindicalistas com os rumos do país.
“O que vocês estão apresentando é quase um programa de governo, de reconstrução desse país”, afirmou Lula após receber a pauta dos sindicalistas.
“Se os empresários de todos os setores tiverem a preocupação com o Brasil [que vocês tiveram ao elaborar este documento], não haverá dificuldade de o povo brasileiro voltar a ser feliz; […] queremos terminar o mandato sem ninguém morando debaixo das pontes e sem nenhuma criança passando fome”, disse o ex-presidente Lula, que prometeu levar as propostas adiante.
“Nós vamos instituir uma mesa de negociação permanente e vamos chamar os trabalhadores e os outros setores da sociedade como as universidades, vamos chamar as empresas para negociar e colocar a pauta a eles”, disse o ex-presidente Lula.
O pré-candidato a vice-presidente na chapa de Lula, o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alkmin, também elogiou a Pauta da Classe Trabalhadora, e como Lula disse que é quase um plano de governo e afirmou que, para reconstruir o país, será necessário sentar e conversar com todos os setores da sociedade. “A luta sindical deu ao Brasil o maior líder popular deste país”, disse Alckmin que definiu o como ‘histórico’ o encontro com as maiores centrais sindicais de todo o país.
“O Brasil está aqui, unido nesse momento grave, onde nós temos um governo que odeia a democracia, que tem admiração pela tortura, que faz o povo sofrer. É nesse momento de desemprego, de estômago vazio, de inflação, de fome, de morte, 660 mil mortos, que o Brasil se agiganta nessa reunião histórica com as mais importantes centrais sindicais. Venho somar o meu esforço, pequeno, humilde, mas de coração e entusiasmo em benefício do Brasil. A luta sindical deu ao Brasil o maior líder popular deste país, Lula! Viva Lula! Viva os trabalhadores do Brasil!”, completou.
O ex-presidente Lula concordou que para reconstruir o país essa união é fundamental e acrescentou que é preciso desmistificar o conceito que se tem de que trabalhadores e empresas são inimigos. “Não é verdade que trabalhadores e sindicalista não querem o crescimento da empresa. Pelo contrário, quanto mais a empresa cresce, mas gera emprego e mais tem condição de aumentar o salário do trabalhador. O sonho do trabalhador é o emprego”, disse.
Queremos emprego, queremos aumento de salário. Esse país vai voltar a ter seu povo de cabeça erguida – Lula
Nosso governo vai conversar como todo mundo – Lula
Eleger um congresso comprometido com a pauta da classe trabalhadora
Lula reforçou o que tanto ele como outras lideranças progressistas têm dito ao longo dos tempos. Não basta eleger um governo popular. O Congresso terá de ter outra configuração. Lula chamou atenção para que trabalhadores votem em trabalhadores – em candidatos que defendam seus interesses, caso contrário, a sabotagem, tal qual aconteceu em 2016, que culminou com o golpe contra Dilma Rousseff, será um perigo iminente.
E, com um congresso alinhado e pensando um país voltado aos trabalhadores e a geração de emprego, o trabalho de reverter o caos que vivemos hoje será um caminho mais fácil. “Vamos tentar reconstruir em quatro anos o que eles destruíram em pouco tempo. O emprego é coisa sagrada e deverá ser nossa obsessão”, disse Lula.
E justificou falando sobre o drama de não ter um trabalho. “Quando a gente tá desempregado, a vida vira uma desgraça, não tem o que comer, não tem como por dinheiro em casa”. E ainda criticou as ações dos governos de Michel Temer (MDB-SP) e de Jair Bolsonaro (PL).
“Tentaram arrumar soluções como trabalho intermitente, o empreendedorismo, mas você não pode ser empreendedor se não tem direito a descanso, não tem renda. Tem que ter respeito”.
Não podemos deixar o entregador trabalhar entregando comida nas costas, sentido o cheiro da comida e passando fome – Lula
Sobre o tema, ele citou aplicativo criado na cidade de Araraquara, que protege trabalhadores e que possibilita que 90% da renda fica com os trabalhadores e não com as plataformas.
Movimento sindical
Antes da tão esperada mensagem do ex-presidente Lula aos presentes, representantes de categorias ligadas às Centrais Sindicais falaram sobre a pauta e demandas especiais.
Para o presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre, esse encontro dos sindicalistas com Lula foi um momento histórico em que todas as centrais se uniram em torno do apoio a uma candidatura e, assim, prova seu poder de mover o país.
“A unidade do movimento popular veio pra ficar. O simbolismo é muito importante. São as principais lideranças do movimento sindical falando a mesma coisa e querendo Lula presidente. Entregamos hoje a pauta e dissemos a ele que não está sozinho nessa luta”, disse Sérgio.