8 de junho de 2022 1:04 por Redação
Com o mandato praticamente concluído, o senador Fernando Collor segue a trajetória de sempre, fazendo uma caminhada solo. Não tem grupo político, nem se preocupa em organizar estruturas partidárias que o deixem confortável nas disputas eleitorais.
Com a experiência de quem se elegeu presidente da República aos 40 anos (1990), e foi afastado do cargo dois anos depois, Collor soube como ninguém amargar o ostracismo político. Conseguiu voltar em 2006, quando foi eleito senador por Alagoas, mandato renovado em 2014, e que será concluído agora em dezembro.
Só que, ciente da força do adversário – o ex-governador Renan Filho (MDB) – Fernando Collor sabe que não deverá chegar ao que seria seu terceiro mandato no Senado. Tenta, então, salvar-se da derrota eleitoral que todas as pesquisas de opinião dão como certa, buscando um caminho que já trilhou – retornar ao governo.
Um populista de direita clássico, que usa as mídias em seu favor, hoje o senador encarna o discurso mais “programático” de Jair Bolsonaro. Collor tem utilizado o discurso bolsonarista como uma alavanca para sobreviver politicamente.
Albergado na sombra de Jair Bolsonaro vê uma aliança com o atual presidente como única estratégia possível, no momento em que os blocos de alianças vão sendo montados.
Para analisar as chances de Collor voltar a ocupar o Palácio Floriano Peixoto, é preciso considerar as principais candidaturas já colocadas para a disputa de outubro próximo.
Começando pelo governador Paulo Dantas (MDB), será preciso considerar que ele é candidato à reeleição e conta com apoios fortes, como o ex-governador Renan Filho, o senador Renan Calheiros (MDB), o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Marcelo Victor, e mais um bloco grande de deputados, prefeitos e vereadores.
Já o senador Rodrigo Cunha (UB), que aparece como primeiro colocado nas pesquisas de opinião, é apoiado pelo prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, e pelo deputado Arthur Lira (PP). O senador Cunha tem declarado que não votará em Bolsonaro, mas tem um palanque composto por apoiadores do presidente.
Ex-prefeito de Maceió por dois mandatos, o pré-candidato Rui Palmeira (PSD) se apresenta como alternativa, o que significa não contar com apoio dos grandes blocos. Porém, mesmo que a campanha ainda não tenha movimentação de rua, as pesquisas mostram que o nome de Rui cresceu e oscila entre o segundo e o terceiro lugares.
Embora o que vai acontecer nos próximos meses fique por conta e risco da campanha e da disputa, esse é um feito importante na caminhada do ex-prefeito.
O senador Fernando Collor é o outsider que pretende apostar tudo na candidatura ao governo. Sua expectativa é passar ao segundo turno e, para isso, aposta no populismo com pendor messiânico, no discurso da violência, que é o eixo central do discurso bolsonarista. Sem esquecer, claro, das emendas secretas que vem sendo usadas como instrumento de cooptação de prefeitos e parlamentares.
Embora não seja um candidato inexpressivo, Collor tem contra si a rejeição ao seu nome, que é maior que os índices dos que o apoiam.