7 de julho de 2022 4:01 por Da Redação
Pré-candidato a governador de Alagoas, com o apoio do grupo do deputado federal Arthur Lira (PP), o senador Rodrigo Cunha (UB) vem sendo cobrado pelo resultado nas pesquisas pré-eleitorais. Incentivado por aliados que buscam fortalecer uma chapa de oposição ao grupo do senador Renan Calheiros (MDB), Cunha não sabe se fez a escolha certa ao deixar o PSDB e entrar na disputa majoritária.
Sua maior preocupação está, justamente, no que deveria ser seu maior trunfo: o apoio do deputado Arthur Lira. É que, no pacote da aliança com Lira está Jair Bolsonaro, um fantasma que lhe assombra desde muito tempo. Em 1998, enquanto Rodrigo Cunha, aos 17 anos de idade, enfrentava uma tragédia, Bolsonaro defendia seu algoz.
Sim! Jair Bolsonaro foi o único parlamentar que, do plenário da Câmara dos Deputados, defendeu Talvane Albuquerque, acusado de ser o mandante do assassinato da deputada Ceci Cunha, mãe do senador.
Veja vídeo:
Esse é um fato histórico tão brutal, que torna inadmissível aceitar que Rodrigo Cunha suba no palanque e apoie Jair Bolsonaro.
O arapiraquense Rodrigo Cunha é um político alinhado ao campo do pensamento liberal, para quem o Mercado é quem pode regular as relações econômicas na sociedade. Defender esses postulados não é algo esdrúxulo, como não se pode exigir dele posições de esquerda.
O que o povo alagoano exige do senador é a defesa da ordem democrática, o respeito aos poderes da República, ao processo eleitoral brasileiro expresso nas urnas eletrônicas. Essa é uma cobrança legítima que se deve fazer sem constrangimento.
O inaceitável é tentar fazê-lo se dobrar a quem, como Bolsonaro, desrespeitou sua dor e a morte violenta de sua mãe, pai, avó e um tio.
Para se apresentar aos alagoanos como candidato a governador, Rodrigo Cunha precisa dar um basta nas pressões que vem sofrendo para declarar voto a Jair Bolsonaro, o carrasco moral de sua mãe, a deputada Ceci Cunha, desrespeitada quando não podia se defender.
A flexibilidade exigida de Rodrigo Cunha é mais que indignidade, é violência moral.
Histórico
A deputada Ceci Cunha, seu marido, Juvenal Cunha da Silva, o cunhado Iran Carlos Maranhão Pureza, e a mãe de Iran, Ítala Neyde Maranhão, foram assassinados a tiros no dia 16 de novembro de 1998. Nesse dia, Ceci Cunha seria diplomada deputada federal pelo Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas (TRE-AL).
No momento do crime, as vítimas preparavam uma comemoração na casa de Iran, no bairro Gruta de Lourdes, em Maceió. O crime foi planejado pelo então deputado federal Talvane Albuquerque, que não se conformou em não ser reeleito. Com a morte de Ceci, Albuquerque poderia assumir o cargo.
Pelos quatro assassinatos, Talvane Albuquerque foi condenado a 103 anos e 4 meses de prisão. O ex-deputado conseguiu na Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), reduzir a pena para 92 anos, nove meses e 27 dias.
Ele também foi cassado pela Câmara dos Deputados, em votação secreta realizada no dia 7 de abril de 1999, com 427 votos pela cassação e 1contra.