segunda-feira 23 de setembro de 2024

“Essa tragédia acabou com tudo”

O último dia, os sonhos e os planos do guarda municipal petista morto em sua festa de aniversário por um policial penal bolsonarista; casos de violência política dispararam este ano
Marcelo Arruda (C) foi morto durante a própria festa de aniversário | Reprodução

Por Felippe Aníbal, da revista Piauí

O guarda municipal Marcelo Aloizio de Arruda foi atacado a tiros no dia exato em que comemorava 50 anos. Morreu horas depois– num crime anunciado por um bolsonarista na festa de aniversário da vítima. Na manhã de sábado (9), Arruda acordou feliz, ansioso por reunir os amigos e celebrar a data. Pouco depois das dez da manhã, ele e a mulher – a policial civil Pamela Suellen Silva – foram recebidos na pousada do amigo André Alliana, que preparou um café da manhã ao ar livre, com frutas, pães e frios. De lá, no fim da manhã, Arruda voltou para casa para cuidar dos preparativos para a festa. Reconhecido pela família e amigos como exímio cozinheiro, o aniversariante preparou para servir na comemoração um entrevero, uma espécie de churrasco feito no tacho, com um mix de cortes diferentes – nesse caso, ele serviria carnes suína, bovina e de frango.

Como tinha sobrado “um dinheirinho”, Arruda teve a ideia de fazer a festa temática. Chegou ao salão da Associação Recreativa Esportiva de Segurança Física Itaipu pouco depois das 15 horas, usando uma camiseta estampada com a foto de Lula. Preparou um arco com balões vermelhos, que circundava um painel com o nome e a idade do aniversariante. A família também tinha encomendado um bolo decorado com a estrela do PT, combinando com os adereços da mesa. À noite, ao longo da festa, o guarda municipal ganhou de um dos convidados uma toalha com a imagem do ex-presidente e a pendurou no painel, completando o cenário. Entre os convidados havia não só apoiadores de Lula, mas muitos bolsonaristas – inclusive o padrinho de um dos filhos do aniversariante.

“Ele era contra o ódio e a intolerância. E ele queria que isso circulasse. Fazia questão de se manifestar. Por isso, teve a ideia de fazer a festa temática”, disse Silva à piauí. “O Marcelo [Arruda] era um sonhador, um lutador, um idealista, que queria mudar o mundo a sua volta”, definiu, sem conseguir conter as lágrimas. Arruda era tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu e nas eleições de 2020 foi candidato a vice-prefeito, mas a chapa não foi eleita. Ele também era diretor do Sindicato dos Servidores Municipais de Foz do Iguaçu.

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