21 de novembro de 2022 2:36 por Da Redação
O Vamos Subir a Serra levou para Maceió e União dos Palmares oito dias de atividades voltadas para a cultura, história e empreendedorismo afro-brasileiro entre os dias 11 e 19 de novembro, em celebração ao Dia da Consciência Negra. Esta foi a 6ª edição do evento que já é o maior do Norte e Nordeste com essa temática, fomentando o afroturismo em Alagoas.
Entre os dias 11 e 15, ele aconteceu na Praça Multieventos, no bairro da Pajuçara, em Maceió, onde levou debates, feira gastronômica, estética afro, danças afro, filmes em realidade virtual, apresentações culturais, dentre outras. Em seguida, o evento subiu à Serra da Barriga, em União dos Palmares, onde turistas, estudantes da rede pública e o público em geral puderam conhecer mais da história do Quilombo dos Palmares, berço de resistência da luta do povo negro por liberdade, tendo como seu maior representante, Zumbi dos Palmares.
A coordenadora do Vamos Subir a Serra, Valdice Gomes, avalia como positiva a realização do evento este ano. “O balanço é muito positivo. O que a gente ouve dos empreendedores de produtos diversos é de vendas de sucesso absoluto. Estamos muito contentes. Esse sucesso a gente agradece à população que prestigiou as atividades e reconheceu nosso trabalho. Tivemos programação diversificada, subimos literalmente à serra, onde levamos capacitação em educação antirracista para mais de 200 professores, recebemos malungos e erês, nossos companheiros de luta, tivemos o Palmares in loco especial com visita guiada, e um lindo pôr do Sol ao som de Nelson Rufino, Projeção Mapeada e Mostra Aqualtune de Cinema e afro-futurismo. O último dia foi marcado pelo encontro de saberes e fazeres da capoeira, com a presença do Mestre Boca Rica, de Salvador (BA), e apresentação da Banda Nação Palmares dentre outras atividades que enriqueceram o projeto”, afirma Valdice Gomes.
Inclusão
O diretor do TikTok, que lidera iniciativas de responsabilidade social corporativa da rede no Brasil, Handemba Mutana, considera o Vamos Subir a Serra uma das iniciativas “mais potentes” do Brasil. O TikTok é parceiro há duas edições do evento. Essa parceria nasceu da busca da empresa por projetos de impacto criativo, inovador e inclusivo.
“Estávamos mapeando projetos que pudessem ter uma sinergia com aquilo que o TikTok acredita e busca, para não só incluir uma questão de raça ou gênero, mas por uma questão regional. E o Nordeste é uma região muito importante, que concentra muitos dos negros do país. Em uma viagem indicaram um projeto que eu devia conhecer, que é o Vamos Subir a Serra, e vi uma potência enorme de uma conexão com os empreendedores, com olhar inclusivo para quilombolas e indígenas. Eu senti uma oportunidade de contribuir e construir juntos essa história que é muito única de Alagoas e de Maceió, trazendo esse conteúdo para o TikTok”, comenta o diretor da Rede Social.
Essa foi a terceira vez que a afro-empreendedora Thaísa Torres, de 43 anos, compareceu ao evento para vender seus produtos. Moradora da Jatiúca, ela aproveitou a oportunidade para intensificar as vendas de seus doces, como beijinho de Dendé, brigadeiros, bolo com cocada cremada, dentre outros. “Acho o projeto bem bacana, fala da nossa representatividade, celebra nossa negritude. É bem válido e importante fazer essa celebração. Vale a pena estar aqui porque é um volume maior de pessoas, apesar de a gente ter ponto físico, e consegue fazer uma renda extra”, afirma Thaísa Torres.
Já Cristiane da Silva, de 43 anos, participou do evento pela sexta vez. Ela vende acessórios produzidos artesanalmente por ela. Tem uma loja virtual, mas vê no Vamos Subir a Serra mais uma oportunidade para empreender.
“É maravilhoso! Todos os anos valeram à pena. Não tenho o que reclamar. A gente tem oportunidade que nos é dada, não tem custo com nada. Vale à pena pela resistência, pela nossa história, pelo nosso espaço, e por mais uma renda. E está cada vez melhor”, expõe Cristiane.
Fidelidade
O turista paulistano César Diniz conheceu em 2022 o Vamos Subir a Serra. Ele, que é repórter fotográfico e documentarista, veio para Alagoas a trabalho. Ao chegar no estado, descobriu que havia um evento voltado para a cultura negra e foi para o primeiro dia na Praça Multieventos. Gostou tanto, que compareceu todos os dias e ainda subiu a Serra da Barriga durante os três dias de programação em União dos Palmares.
“Vi que tinha uma programação intensa, bonita. Superou toda e qualquer expectativa. Foi muito legal ver as apresentações e ouvir as falas de gente muito gabaritada e falando coisas com lógica, sentido, embasamento, ciência. Foi fantástico. Um evento extremamente organizado. Vim para a Serra da Barriga. Achei que ia ser legal e foi muito mais legal do que eu podia imaginar. Uma energia ótima, fiquei muito emocionado e feliz de passar por aqui”, comenta o repórter fotográfico, ressaltando a importância do evento na Serra ter sido acompanhado por guias que explicavam o contexto histórico do Quilombo.
O Vamos Subir a Serra é realizado pelo Centro de Cultura e Estudos Étnicos Anajô, uma entidade do movimento negro alagoano, vinculada aos Agentes de Pastoral Negros do Brasil (APNs), com as parcerias de: TIKTOK, parcerias com a Fundação Municipal de Ação Cultural – Fmac; Secretaria de Estado da Cultura – Secult, Fundação Cultural Palmares, através de emenda parlamentar do deputado federal Paulão; Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial – SNPIR, vinculada ao Ministério dos Direitos Humanos através de emenda parlamentar do Senador Rodrigo Cunha, além de emenda parlamentar da deputada federal Teresa Nelma, e dos apoios da UFAL através do Neabi, Nassau e Prefeitura de União dos Palmares.