19 de dezembro de 2022 4:35 por Da Redação
Por Cézar Xavier, do portal Metrópoles
As manifestações de repúdio à violência golpista de extrema direita que se espalhou por algumas áreas do país, e pedidos de ação mais contundente das polícias contra os criminosos, se acumulam. O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP), se manifestou exigindo que os bloqueios de estradas sejam tratados como atos criminosos.
“Esses bloqueios em estradas, agressões e verdadeiros atentados, como destruição de caminhões e ataques a tiros e bombas a postos de concessionárias, são atos criminosos e assim devem ser tratados”, disse o deputado ao Portal Vermelho.
Após 23 dias de manifestações ocorridas sob acusações de leniência da Polícia Rodoviária Federal (PRF), ficou evidente o financiamento milionário de arruaceiros promovendo violência contra caminhoneiros e motoristas nas estradas. Em meio ao caos nas estradas, o diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, está em férias.
Na quarta, 23, o coordenador de comunicação da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Cristiano Vasconcellos, afirmou que a corporação já trabalha na identificação e planeja operações para prender líderes golpistas que fecham estradas em todo o país, desde o final do segundo turno das eleições no dia 30 de outubro.
Lideranças políticas como Orlando já vinham apontando para a necessidade de punição mais severa a agentes da violência e seus financiadores, que vinham sendo multados. “Essa minoria radicalizada e fascista, que alimenta devaneios golpistas, comete crimes tipificados no Código Penal e outras leis, passíveis de prisão para seus agentes e financiadores”.
Com a agravamento e pressão sobre as polícias, a PRF anunciou que, nas próximas horas, vai deflagrar uma grande operação para prender alguns líderes junto com a Polícia Judiciária, a partir de mandados de prisão expedidos. Admite que a segunda onda de manifestações tem envolvido atos criminosos com armas de fogo, incêndios a veículos e violência em PA, RO e MT.
Vasconcellos relata que, no Mato Grosso, já foram identificadas mais de 50 pessoas que, de alguma forma, estão contribuindo para as manifestações como liderança, com dinheiro, infraestrutura de barracas, banheiros químicos e alimentação, ou pneus para incêndios.
Terror bolsonarista
Orlando diz que a eleição acabou e o resultado da soberania popular foi expresso nas urnas, reconhecido por mais de uma centena de países de todo o mundo. “O Brasil real, que não é bancado por milionários e precisa trabalhar para sobreviver, exige a volta da normalidade e não aceita tentativa de virada de mesa. Que respeitem o voto e voltem para casa, ou que paguem pelos crimes na cadeia!”, concluiu.
Desde quinta-feira (17), os bloqueios ganharam uma conotação mais agressiva, deixando de ser manifestações com participação de famílias, para ser ocupadas por homens adultos encapuzados e armados. No interior de Mato Grosso, dois caminhões foram incendiados nesta segunda (21) na BR-163, na altura de Sinop. Testemunhas disseram que os motoristas foram rendidos por homens armados e encapuzados, que atearam fogo nos veículos.
O interior de Santa Catarina também registrou protestos violentos durante o final de semana. Em nota nesta segunda, a PRF afirmou que os bloqueios usaram “métodos terroristas” com bombas caseiras feitas de garrafas com gasolina, rojões, óleo derramado intencionalmente na pista, “miguelitos” (pregos usados para furar pneus), pedras, além de barricadas com pneus queimados, latões de lixo, e troncos de árvores cortados e jogados deliberadamente na pista”. Os policiais afirmaram ainda que em vários pontos houve depredação do patrimônio público, com a destruição de grades de proteção da rodovia.
Na semana passada, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou o bloqueio das contas bancárias de 43 pessoas físicas e empresas suspeitas de financiar os bloqueios. Eles devem responder por associação criminosa, exposição a perigo em meio de transporte público, impedindo ou dificultando o funcionamento, destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia e desobedecer à ordem legal de funcionário público. Entre os suspeitos, estão empresários de transportes, de maquinário agrícola e até do setor financeiro.