19 de dezembro de 2022 4:35 por Redação
O discurso de que a Educação é uma prioridade se repete a cada novo governo. Alagoas é um dos estados brasileiros onde a educação pública tem vivido numa agonia quase eterna.
O fosso que separa o estado das demais unidades da federação é crescente e profundo. Os esforços para superar os indicadores negativos merecem registro, para que seja feita justiça com quem trabalha para superar as dificuldades.
A pandemia arrastou a escola pública para os piores índices dos mundos. É fato que nenhum gestor poderia prever o quanto o planeta seria afetado. Essa terrível realidade entrou nos salões dos palácios e prefeituras. Os indicadores eram negativos e conhecidos de todos antes mesmo da pandemia.
Os indicadores positivos eram e são, convenientemente, divulgados como parte da estratégia de comunicação governamental. No entanto, eles são poucos e pontuais.
Explicar os números negativos, que são estruturais, tendo a pandemia como o fator que provocou a debacle não ajuda a pensar encaminhamentos para superar o abismo.
Os dados do Saeb/Inep, referentes a 2017 e 2019, também indicaram precariedades no aprendizado adequado de Português e Matemática, duas disciplinas básicas e essenciais.
Veja a tabela:
É necessária e urgente a instituição de um Grupo Executivo de Trabalho ou que nome possa ser dado, mas, que discuta e implemente ações com metas definidas no médio e longo prazo para reverter o quadro calamitoso da Educação.
Alagoas possui uma massa crítica formada que tem pensado alternativas para superar o atual estágio da Educação com um processo integral e inclusivo, entendendo e priorizando a educação pública como a única alavanca para colocar Alagoas no caminho competitivo do desenvolvimento social e econômico.
A decisão inicial e primordial a ser tomada é política e cabe ao governador Paulo Dantas e a ninguém mais.
Há na rede estadual especialistas em Educação que são funcionários efetivos, outros se aposentaram e, se convocados, poderiam contribuir com o projeto. Mais uma vez: a liderança é do governador. O gestor público moderno é aquele que identifica as potencialidades existentes para a execução do projeto.
As consultorias contratadas e as oferecidas como trabalho “voluntário” também podem contribuir. Para tanto, é fundamental o Estado criar um programa de valorização e transformação da educação alagoana que sirva como base fundamental e bússola para orientar os trabalhos.
Pelos critérios estabelecidos pela Fundação Lemann, apenas quatro municípios de Alagoas receberam o selo de Bom Percurso, pelo desempenho das redes municipais no ensino fundamental I e II: Coruripe, Jequiá da Praia, Junqueiro e Teotônio Vilela. A Fundação criou três selos: Bom Percurso, Excelência e Destaque Regional. Não há nenhuma escola estadual que tenha qualquer dos três selos.
Reverter esse quadro é uma obra que somente será possível com o envolvimento da sociedade. O governo terá de estabelecer a Educação como assunto de todas as secretarias, de todos os trabalhadores da educação, das famílias.
“A crise da educação no Brasil não é uma crise; é um projeto”. Essa trágica e realista definição do genial Darcy Ribeiro, infelizmente é verdade.