31 de dezembro de 2022 8:51 por Geraldo de Majella
Pelé, o Atleta do Século XX, morreu aos 82 anos, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde estava se tratando de câncer. Foi dessa maneira que assisti à repórter comunicar o fato, ao vivo, diretamente da porta do hospital.
O impacto da notícia me causou um sentimento como se Pelé fosse da minha família. Pensei da minha e de bilhões de habitantes da Terra. Sentei para assistir os comentários em frente à televisão e comecei a recordar fatos e situações.
Os gênios que eu ouvia falar na escola, quando criança, eram músicos, cientistas, pintores, todos brancos. O nome de Pelé não constava nos livros didáticos. As crianças, hoje, sabem através das mídias e de inúmeros livros e filmes que um negro brasileiro é gênio na arte de jogar futebol.
A genialidade de Pelé não é reconhecida como um título honorífico conferido por uma academia de ciências, mas, pelas multidões deslumbradas que lotaram os estádios de futebol e, mais recentemente, as novas gerações se deslumbram assistindo suas jogadas magistrais disponibilizadas pela internet e nas redes sociais.
O estádio Rei Pelé, inaugurado no dia 25 de outubro de 1970, é um marco histórico para Alagoas. Passados 52 anos, me recordo do entusiasmo com que fui ao Trapichão, acompanhado por um vizinho, assistir ao jogo inaugural entre Seleção Alagoana e Santos Futebol Clube.
Os meus olhos de criança, de 9 anos, não identificavam, claramente, os outros jogadores, eu só enxergava Pelé em campo. Não era santista, nem me tornei, já torcia pelo São Paulo Futebol Clube, sem desonra, todos os times eram fregueses do Santos de Pelé.
Quatro décadas depois, no dia 27 de junho de 2010, fui ao encontro do Rei Pelé, na solenidade de reinauguração do Trapichão. Convenci a minha filha a me acompanhar para ver de perto e, se possível, tirar uma fotografia junto ao gênio do futebol.
A multidão de jornalistas, fotógrafos, convidados, o governador Teotonio Vilela Filho, no meio tentando fazer as honras como anfitrião, o meu sentimento é que Pelé estava onde ele sempre gostou: de estar cercado por seus fãs. O Rei, pacientemente, posou para fotografias com todos e deu autógrafos a dezenas de crianças.
A morte de Pelé me fez recordar esses dois momentos tão distantes no tempo. Essas lembranças mostram como um ídolo marca as pessoas e como é importante cultivarmos ídolos no esporte, na música, nas artes em geral, na literatura ou na família. Esse tipo de sentimento não é extraordinário, é humano.
Para os mais novos sem petulância digo: Meninos, eu vi o Rei Pelé jogar.
Pelé não é Deus, mas, é eterno.
*É historiador