O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) terá, neste terceiro mandato, o apoio de sete dos nove deputados que compõem a bancada federal alagoana. Os dois representantes da extrema-direita, Alfredo Gaspar de Mendonça (UB) e Fábio Costa (PP), por motivos óbvios, estão na oposição.
No Senado Federal, a situação do petista também é confortável. Dos três senadores, Renan Calheiros e Renan Filho são seus articuladores. Renan Filho será Ministro dos Transportes, como cota da bancada de senadores no Senado.
O senador Rodrigo Cunha (UB), como não se declarou durante a campanha, deve permanecer isolado, sem qualquer perspectiva de influenciar ações ministeriais em Alagoas, e sem o Orçamento Secreto, mecanismo que desviou as funções constitucionais do Orçamento da União. No Senado, Cunha será “emparedado” pelos Calheiros.
Indicação de cargos federais
Sem Alfredo Gaspar e Fábio Costa, sobrem mais cargos federais em Alagoas para indicação dos deputados e senadores governistas. Os membros da bancada federal que apoiam Lula são Paulão (PT), Rafael Brito (MDB), Isnaldo Bulhões (MDB), Luciano Amaral (PV) e Daniel Barbosa (PP). Os que aderiram ao PT: Marx Beltrão (PP) e Arthur Lira (PP).
Equilíbrio de forças
No governo Bolsonaro, era Arthur Lira (PP) quem comandava o butim dos cargos e do Orçamento Secreto. O alagoano, líder do “Centrão”, sofreu três derrotas humilhantes que o enfraqueceram politicamente. Uma foi a derrota de Bolsonaro para Lula nas urnas. As outras quando o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes decidiu que o Programa Bolsa Família ficaria fora do teto de gastos e a Corte, depois, votou pela inconstitucionalidade do Orçamento Secreto.
O deputado Arthur Lira continua com força política, mas, não é plenipotenciário como foi durante o desgoverno Bolsonaro. O equilíbrio de forças foi restabelecido.
Guerra estadual
A atuação dos políticos alagoanos é diferenciada no cenário nacional. A luta pelo poder estadual tem reflexos nacionais. Arthur Lira decidiu enfrentar o senador Renan Calheiros e o então governador Renan Filho através da tática de “guerrilha”. A munição era o farto Orçamento Secreto que dispunha de bilhões de reais para injetar nos dutos da Codevasf e, também, em hospitais privados de Maceió e de cidades do interior.
Com a derrota do senador Rodrigo Cunha na disputa pelo Governo de Alagoas, ponta de lança do deputado Arthur Lira e de Jair Bolsonaro, o cenário mudou e mesmo tendo chances de se eleger novamente presidente da Câmara dos Deputados, o pepista continuará enfrentando os senadores Renan Calheiros, Renan Filho, o governador Paulo Dantas e o presidente da Assembleia Legislava Marcelo Victor.
Não há possibilidade, na atual conjuntura, de haver um cessar-fogo entre esses blocos políticos. O calendário eleitoral já está sendo trabalhado e tem data marcada para 2024, quando ocorrerão as eleições municipais.